A estudante Jaciara Catarino do Vale, 16 anos, era tida como uma adolescente pacata, de poucas amizades. No entanto, traficantes do bairro acreditavam que ela namorava um policial e a mataram com três tiros, anteontem à noite, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Jaciara foi baleada duas vezes na cabeça e uma no ombro esquerdo.

De acordo com o padrasto de Jaciara, Renato Farias, 37, o crime aconteceu em frente a um bar, a cerca de 10 metros da casa de Jaciara, na Praça Cristo Rei, bairro Cristo Redentor. Ele contou que, por volta das 19h, Jaciara falou para a mãe, a dona de casa Núbia Conceição do Vale, 40, que iria sair. “A mãe dela perguntou para onde ia e ela respondeu que não demorava. Eu e Núbia conversávamos na sala quando ouvimos os pipocos. Rapidamente, os vizinhos vieram nos dizer que Jaciara foi baleada”, contou.

A jovem passava entre um bar e um poste de iluminação pública, quando dois homens armados com pistolas desceram de um Peugeot vermelho e atiraram contra a adolescente. Em seguida, a dupla entrou no carro, dirigido pelo terceiro bandido, e fugiu. A polícia ainda não sabe quem são os homens. Jaciara foi socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Gleba A, mas não resistiu. Ainda de acordo com o padrasto, ela estava com um celular, que não foi levado pelos assassinos.

A desconfiança dos traficantes incidiu sobre Jaciara porque se comentava no bairro que o namorado dela seria policial. “A princípio, foi dito que seria um policial, mas o nosso Serviço de Inteligência constatou que Jaciara se relacionava com um agente penitenciário, que também andava armado e provavelmente levou os bandidos a pensar que ela seria uma informante”, declarou o subtenente Antônio Ribeiro, do 12º Batalhão de Guardas da PM de Camaçari.

Segundo o subtenente, a informação foi dada por populares e confirmada pela mãe da vítima. Segundo a delegada Marita Souza, de plantão na Delegacia de Proteção à Mulher (Deam) de Camaçari, o namorado de Jaciara, conhecido como Lopes, esteve na UPA logo após o crime. “Ele disse no local que teria sido um assalto, mas não há nenhum dado que comprove isso”, declarou a delegada, que também não confirmou se Lopes seria policial ou agente penitenciário.

A polícia vai trabalhar com todas as linhas de investigação, inclusive de homicídio e latrocínio. A família não informou quando será o sepultamento.