O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto disse que a Operação Lava Jato “está revelando uma organização criminosa que perdeu a noção”, mas que preocupam “eventuais desvios”. Ayres Britto deu palestra nesta quinta (17) em São Paulo.

“A Operação Lava Jato –acho que não seria precipitado dizer– está revelando uma organização criminosa que perdeu a noção. É insolente, atrevida. A gente se preocupa com eventuais desvios: o direito penal é eficaz, mas não admite supressão de etapas”, afirmou.

“Limpando o país, a pressa pode ser inimiga da perfeição. A democracia é como uma luta de boxe contra a velha ordem. Nessa luta não há nocaute. A democracia ganha por pontos. É preciso paciência e tolerância. Não se pode deixar de observar o devido processo legal porque isso é símbolo de civilidade.”

Após a palestra, Ayres Britto negou que estivesse se referindo ao juiz Sergio Moro, que comanda a operação Lava Jato. Nesta quarta (16), Moro incluiu no inquérito que tramita em Curitiba uma conversa telefônica entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.

O governo diz que o ato não poderia ser feito por Moro devido à prerrogativa de foro da presidente. Moro diz que o telefone grampeado era de Lula e não havia motivo para não abrir o sigilo já que o ex-presidente não tem prerrogativa.

Ayres Britto disse ainda que se preocupa com “esse clima faca nos dentes” do Brasil, mas que acredita “que resolveremos rapidamente a tríplice crise do Brasil –moral, econômica e política”. “Vamos sair dessa crise sem golpe, sem virar a mesa”, afirmou.