O dólar subiu 6% em abril e teve a maior alta mensal desde novembro de 2016 com o temor dos investidores de altas adicionais de juros nos Estados Unidos e também com as incertezas que rondam o cenário eleitoral brasileiro. A Bolsa também fechou o mês no azul, com valorização de 0,9%.

Nesta segunda (30), o dólar comercial teve alta de 1,21%, a R$ 3,505, o maior valor desde 3 de junho de 2016, quando atingiu R$ 3,527. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,5%, para R$ 3,485.

Já o Ibovespa, índice das ações mais negociadas, fechou a sessão em queda de 0,38%, para 86.115 pontos, com um volume negociado menor por causa do feriado de 1º de Maio, Dia do Trabalho, nesta terça.

A forte valorização do dólar em abril fez os fundos cambiais, opção para o investidor que quer aplicar em moeda estrangeira, liderarem o ranking de investimentos da Folha no mês. Esses fundos se valorizaram 5,3%, após desconto de Imposto de Renda de 15%, que incide em resgates realizados após 720 dias.

“Houve uma diferença entre a taxa de juros nos Estados Unidos e no Brasil que ficou favorável ao mercado americano, e não ao brasileiro”, diz Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial.

Essa diferença ocorreu principalmente por causa das expectativas de que o banco central americano poderia ter que acelerar os aumentos de juros no país por uma inflação pressionada pelo preço de matérias-primas -em especial o petróleo-, que ganhou força ao longo do mês.

O cenário doméstico também influenciou a cotação da moeda americana. As primeiras pesquisas divulgadas depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxeram na liderança Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). A falta de clareza sobre as propostas de ambos para a economia preocupa os investidores, segundo analistas.

Por causa dessas dúvidas, muitos estrangeiros que compram ações no país utilizam instrumentos de proteção cambial, como a compra de dólares ou de contratos futuros da moeda estrangeira.

“O investidor estrangeiro que está entrando aproveita o fato de a Bolsa estar barata em dólar, mas busca manter os preços dos ativos no patamar em que comprou, sem ser afetado por eventuais desvalorizações do real”, diz Figueredo.

Esse movimento contribui para a valorização do dólar, mas, segundo o sócio-analista da Eleven, é responsável por apenas 30% do movimento de alta da moeda americana. “Eu vejo vantagem nesse movimento, porque, com o dólar mais forte, os ativos brasileiros ficam mais baratos sob a ótica do capital estrangeiro, o que abre a possibilidade de ter mais investimento em Bolsa”, ressaltou.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 2,58%, para 173,9 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O DI para julho deste ano recuou de 6,246% para 6,240%. O DI para janeiro de 2019 teve alta de 6,215% para 6,230%.

AÇÕES

O fluxo de entrada de estrangeiros contribuiu para a alta de 0,88% do Ibovespa no mês. Apesar disso, os fundos de ações indexados, alternativa para o investidor que quer aplicar em Bolsa, recuaram 0,55% em abril.

Nesta sessão, dos 64 papéis do Ibovespa, 43 caíram, 19 subiram e dois fecharam estáveis.

O mês de abril marcou a retomada dos IPOs na Bolsa brasileira. Depois de NortreDame Intermédica, que subiu 22,7% na estreia, e HapVida (22,8%), foi a vez do Banco Inter começar a negociar seus papéis em Bolsa. Na estreia, as ações fecharam estáveis em R$ 74.

As ações da BRF lideraram as quedas do Ibovespa, com recuo de 3,58%. A Natura se desvalorizou 3,42%, e a Ultrapar perdeu 2,47%.

A Rumo encabeçou as altas, com avanço de 3,41%. A Suzano se valorizou 2,01%, a EcoRodovias teve ganho de 1,95%.

As ações da Petrobras subiram, acompanhando a alta do petróleo no exterior. Os papéis mais negociados avançaram 1,14%, para R$ 22,97. Os papéis com direito a voto tiveram valorização de 0,45%, para R$ 24,63.

A mineradora Vale subiu 0,66%, para R$ 48,67, em meio à alta dos contratos futuros de minério no exterior.

No setor financeiro, o Itaú Unibanco recuou 0,95%. As ações preferenciais do Bradesco perderam 1,54%, e as ordinárias caíram 1,94%. O Banco do Brasil teve queda de 1,74%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram desvalorização de 0,29%.