O chefe da Vigilância à Saúde do Município de Ilhéus, médico veterinário Antonio Firmo, especialista em Saúde Pública, e o médico cubano Julio Lenín Díaz Guzmán, doutor em Saúde Pública e professor universitário, realizaram palestra para estudantes e professores da Faculdade de Ilhéus sobre as epidemias de Dengue, Chikungunya e Zika, na noite da quarta-feira. O auditório Professora Adélia Melo, localizado na sede da Faculdade de Ilhéus, ficou completamente lotado durante o evento, o que demonstra intenso interesse da comunidade acadêmica diante do assunto.

A iniciativa partiu do curso de Enfermagem da instituição, coordenado pelo professor Robson Vidal, e integra um conjunto de ações no sentido de sensibilizar o corpo acadêmico para um olhar extramuros, através de atividades de mobilização que possam contribuir no combate ao mosquito aedes aegypti, hospedeiro transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika. Foram abordados aspectos da tríplice epidemia, como a identificação do vetor, sinais e sintomas das doenças, busca ativa de criadouros do vetor, população de maio risco, entre outros.

Através do cenário de epidemia no País e na cidade, desde o início deste ano, as coordenações de cursos, em conjunto com a Direção Geral e Acadêmica da Faculdade de Ilhéus, se reuniram para buscar intervenções no sentido de contribuir com a população, com a Secretaria de Saúde e a própria comunidade acadêmica.

Já ocorreu, no Campus da Faculdade de Ilhéus, uma primeira intervenção, que coincidiu com o Dia de Conscientização do # ZIKA ZERO, proposto pelo Ministério da Educação – MEC. Na oportunidade, foram distribuídos panfletos informativos e realizada uma palestra relacionada às formas de prevenção da Dengue, Chikungunya e Zika.

Após a devida capacitação, os acadêmicos voluntários e funcionários da instituição vão realizar atividades de campo na comunidade circunvizinha à sede da Faculdade. Em seguida, em parceria com funcionários da Secretaria de Saúde, eles participarão de uma ação direta de educação, prevenção e promoção à saúde, contra o vetor das doenças já citadas, em comunidades com altos índices de infestação.

Por outro lado, a Faculdade de Ilhéus está disponibilizando estudantes voluntários do curso de Enfermagem para ajudarem nos Prontos Atendimentos específicos da Dengue, Chikungunya e Zika, da Secretaria Municipal de Saúde, localizados na Praça Florêncio Gomes e na Av. Soares Lopes.

Criadouros – O chefe da Vigilância à Saúde do Município de Ilhéus, Antonio Firmo, afirmou que esse mosquito já foi erradicado duas vezes no Brasil, em 1956 e na década de 70. “Tá certo que nesse momento, nós não tínhamos a população urbana que temos hoje. Não tínhamos uma cultura de utilizar material plástico descartado. Qualquer material que seja deixado ao relento com uma pequena quantidade de agua pode vir a ser um criadouro. Já está comprovado que 75% dos criadouros de aedes estão dentro de nossas casas. Por isso temos que começar esse combate dentro de casa”, sentenciou.

O médico infectologista Julio Lenín Díaz Guzmán alertou que o período de maior incidência da doença transmitida pelo mosquito aedes egypti é o mês de abril, que está chegando para nós. “Essa doença é proporcional à quantidade de mosquito. Se na minha cidade eu tenho um índice infestação de 15, 16, 18%, eu vou ter muita doença. Se tenho um índice de infestação de 1%, eu praticamente não vou ter doença. Muitas cidades conseguem ter um índice de infestação de 1º na Bahia. Ilhéus e Itabuna vêm se manifestando nos últimos anos com índice de manifestação muito elevados”, salientou.

As duas medidas de ação e intervenção são o cuidado com os reservatórios de água e a limpeza da cidade, principalmente das encostas dos morros e dos terrenos baldios, que ali é onde prolifera mais. “A larva precisa de cinco dias e depois mais dois de pupa. Esse é momento mais vulnerável do mosquito. Se eu tenho um reservatório na minha casa, onde eu guardo água; se o mosquito identifica o meu reservatório como lugar ideal, ele vai fazer a ovipositura na boca do tanque. Mas se eu chegar, periodicamente, lavar esse tanque, escovar as suas paredes, coloca a agua para fora e  encher de novo, o mosquito não vai chegar à fase adulta, porque eu estou interrompendo o ciclo do mosquito no momento mais vulnerável. É muito mais fácil pegar a cabeça de prego, como é chamada, o mosquito na água, do que pegar ele voando”, explicou o professor.