O Chile sagrou-se bicampeão da Copa América ao vencer a Argentina nos pênaltis (4 a 2) na final da edição do Centenário, depois do empate sem gols com bola rolando, neste domingo, em Nova Jersey, levando Lionel Messi anunciar a aposentadoria da seleção. O craque do Barcelona isolou sua cobrança na disputa de pênaltis e amargou o terceiro vice-campeonato seguido com a “albiceleste”.

O roteiro foi praticamente idêntico ao do ano passado, quando o Chile conquistou seu primeiro título continental em casa ao superar os “Hermanos” nas penalidades máximas. A geração dourada da ‘Roja’ se manteve no topo sob o comando do técnico argentino Juan Antonio Pizzi, que substituiu o compatriota Jorge Sampaoli no início deste ano e deu a volta por cima depois de um início complicado. “Estou muito feliz. Há muito alegria, é muito difícil chegar nesse tipo de competição e conquistar títulos”, vibrou o treinador.

Messi sabe muito bem dessa dificuldade. “La Pulga”, que completou 29 anos na última sexta-feira, foi três vezes vice-campeão da Copa América (2007, 2015 e 2016) e também perdeu a final da Copa do Mundo no Brasil (derrota por 1 a 0 para a Alemanha na prorrogação).

Maradona tinha avisado: “se não ganharem essa, nem precisam voltar para casa”. Messi, criticado recentemente por el Pibe de Oro por “não ter personalidade”, acabou levando a ‘dica’ ao pé da letra. O craque chocou o mundo com uma decisão tomada no calor do momento, que, se for confirmada, priva o futebol mundial de um dos melhores jogadores de todos os tempos dos próximos torneios de seleções. “Perder de novo é uma dor grande demais”, resumiu o técnico da Argentina, Gerardo ‘Tata’ Martino.

Árbitro brasileiro protagonista

Pela primeira vez desde o início do torneio, os “Hermanos” entraram em campo com sua força máxima, com o retorno de Di María, que perdeu as última três partidas por sentir dores musculares. Messi e Biglia, que perderam o início da competição por lesão, também começaram jogando.

O Chile também ganhou “reforços” de peso, ambos no meio de campo, com Diáz recuperado de lesão, e o astro Arturo Vidal, que cumpriu suspensão na semifinal. A Argentina precisou de menos de trinta segundos para mostrar seu pode de fogo. No primeiro lance da partida, Banega avançou livre pelo meio e soltou a bomba de fora da área, raspando a trave de Claudio Bravo.

O início de jogo foi bastante intenso, com divididas ríspidas e muita pressão argentina sobre a saída de bola, impedindo o Chile de impor seu toque de bola. Essa marcação pressão quase resultou em gol, aos 21. Higuaín desarmou Medel perto da área e deu um toque sutil por cima do goleiro, mas a bola saiu caprichosamente pela linha de fundo.

A equipe chilena que já não andava bem das pernas, ficou numa situação mais complicada aos 28, quando Marcelo Díaz foi expulso pelo árbitro brasileiro Héber Roberto Lopes ao levar o segundo cartão amarelo por uma trombada em Messi.

A “Roja” se preparava para pelo menos uma hora inteira de sofrimento com um jogador a menos, mas a inferioridade numérica durou apenas 14 minutos. Aos 42, o lateral argentino Marcos Rojo levou vermelho direto por uma entrada dura em Vidal.

Bravo redime Vargas e condena Messi

A 10 contra 10, abriram-se mais espaços, favorecendo o jogo de passe chileno. Tanto que a Argentina praticamente não viu a cor da bola no início do segundo tempo. O Chile chegava com muito perigo e Isla teve boas chance aos 11, ao pegar a sobra de uma bola mal afastada por Di María, mas não caprichou na pontaria.

No minuto seguinte Martino conseguiu equilibrar o jogo ao tirar Di María para a entrada de Matías Kranevitter, volante com mais poder de marcação. As 24, foi a vez de Agüero entrar em campo, no lugar de Higuaín, e o atacante do Manchester City deu as caras três minutos depois, com um chute de fora da área que passou por cima.

O Chile continuou pressionando e teve ótima chance aos 34, quando Vargas recebeu longo lançamento na direita e finalizou sem ângulo, exigindo defesa difícil de Romero. Aos 39, Agüero voltou a ameaçar a meta de Bravo. Em bela jogada individual, ‘Kun’ deu uma meia-lua no marcador e ficou cara a cara com o goleiro do Barcelona, mas errou o alvo novamente.

O jogo foi para a prorrogação e Agüero continuou sendo a principal arma dos “Hermanos”. Aos 7, Messi cobrou falta na área e o atacante cabeceou com muito perigo, obrigando Bravo a se esticar todo para espalmar. O Chile terminou o jogo sem Alexis Sánchez, que sentiu a coxa e deu lugar a Francisco Silva.

Faltando cinco minutos para o fim do jogo, estádio inteiro ficou na expectativa quando Agüero sofreu falta perto da área. Messi ajeitou a bola com carinho, como fez na semifinal, quando bateu o recorde de gols de Batistuta com a seleção argentina, mas sua cobrança desviou na barreira. Na disputa de pênaltis, os dois craques de cada time começaram errando. Vargas parou na defesa de Romero e Messi isolou a bola na arquibancada.

Quem acabou sentindo o peso da falha foi o craque do Barça, já que Bravo defendeu a cobrança de Biglia e Francisco Silva acertou o chute decisivo que garantiu mais uma consagração da melhor geração da história do futebol chileno.