“Preciso de paz para elaborar meu discurso”. Foi essa a frase que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) disse a aliados que o procuraram minutos depois que ele deixou o batalhão de trânsito da PM do DF, na noite desta sexta-feira (19), após 87 dias preso sob acusação de obstruir a Operação Lava Jato.

Advogados e interlocutores entenderam a sentença como senha para não procurar o senador pelo menos até as vésperas de terça-feira (23), quando ele pretende ir ao plenário do Senado Federal fazer uma fala emotiva, na qual vai dizer que é “inocente” e que foi “vítima de uma armadilha”.

Preso desde 25 de novembro, Delcídio está recolhido na casa de amigos de sua família, em Brasília, acompanhado de sua mulher, Maika, de sua mãe, Rosely, e de duas de suas três filhas.

Apesar de ter avisado a parlamentares que pretende retomar na semana que vem suas atividades legislativas, inclusive no comando da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Delcídio deve sofrer pressão do PT para deixar o posto.

Seus colegas de partido acreditam que ele não tem mais “autoridade política” para conduzir o colegiado e que pode voltar ao trabalho, mas não em postos-chave para o PT. No início da semana, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), deve procurar Delcídio para tratar do assunto e propor que ele seja substituído na CAE pela senadora Gleisi Hoffmann (PR).