Diante das revelações nos documentos dos Panama Papers, a ONU pede que a comunidade internacional coloque “um fim ao sigilo financeiro”. Em um comunicado publicado nesta sexta-feira (08), em Genebra, o relator especial da entidade para Dívida Externa e Direitos Humanos, Juan Pablo Bohoslavsky, alertou que a evasão fiscal e o fluxo de dinheiro ilegal minam a Justiça e impedem que governos tenham recursos para lidar com os direitos sociais.

Para ele, os documentos da Mossack Fonseca mostram como “empresas, pessoas ricas e políticos tem sistematicamente escondido dinheiro em mais de 21 centros offshore”. A declaração da ONU amplia ainda mais a pressão sobre os paraísos fiscais, depois que OCDE, Barack Obama, Angela Merkel e o G-20 apontaram para a necessidade de colocar um fim às práticas.

Apesar de reconhecer que cada pessoa tem um motivo diferente na criação de mais de 210 mil empresas de fachada identificadas no esquema da Mossack Fonseca, a ONU aponta que evasão, corrupção e fundos criminosos parecem ser os principais motivos. Ela ainda lembrou que muitas dessas empresas, no passado, foram usadas para driblar sanções, garantir os recursos de drogas e armas, além de servir ditadores.

“A evasão destroi a confiança em instituições públicas e no Estado de Direito, reduzem o espaço fiscal para investir em saúde, educação, segurança e outros serviços públicos”, afirmou o relator.