Os parlamentares em Londres decidiram, mais uma vez, não aceitar o acordo feito entre a primeira-ministra Theresa May e a União Europeia (UE) para conduzir a saída britânica do bloco. É a terceira vez consecutiva que o Parlamento rejeita o acordo, deixando a data e os termos do Brexit incertos.

A votação na Câmara dos Comuns resultou em 344 votos contra e 286 a favor do acordo costurado entre a primeira-ministra Theresa May e a UE. Após a contagem, May disse que o resultado traz “graves” consequências e admitiu que teme que a Câmara tenha chegado ao “limite do processo” para a saída do bloco.

Agora, o Reino Unido tem até 12 de abril para informar a UE sobre seus próximos passos. As opções envolvem o cancelamento do Brexit, buscar um prazo maior ou sair do bloco sem um acordo.

Uma série de votações deve ocorrer na segunda-feira (1°) para que o Parlamento tente encontrar uma nova alternativa.

Britain's Prime Minister Theresa May speaks in the Parliament in London, Britain, March 29, 2019 in this screen grab taken from video. Reuters TV via REUTERS
May disse que o resultado traz “graves” consequências – Reuters TV via REUTERS / Direitos reservados

May havia pedido aos deputados que “deixassem de lado a si mesmos e seus partidos e aceitassem a responsabilidade dada pelo povo britânico”. A primeira-ministra também havia oferecido sua renúncia caso os deputados aprovassem o acordo, permitindo a saída da UE em maio.

Mesmo assim, a Câmara dos Comuns permaneceu dividida. Alguns apoiadores do Brexit que mostravam resistência, como o ex-ministro do Exterior Boris Johnon, provável concorrente para substituir May como primeiro-ministro, disse que rejeitar o acordo apresentava o risco de o país ser “forçado a aceitar uma versão ainda pior do Brexit ou perder o Brexit inteiramente”.

O Partido Democrático Unionista, da Irlanda do Norte, com dez assentos na Câmara dos Comuns, se recusou a apoiar o acordo porque o texto trata a Irlanda do Norte de maneira diferente do restante do Reino Unido.

May disse que, com o resultado, é quase certo que o Reino Unido tenha que participar das eleições europeias em maio.

Acordo de separação

O acordo votado nesta sexta previa um período de transição até o final de 2020, estabelecia os direitos dos cidadãos britânicos e da UE e o preço que o país pagaria por sua saída – cerca de 45 bilhões de euros. O acordo também tratava da polêmica salvaguarda irlandesa, cujo objetivo era garantir a livre circulação entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

O Parlamento acabou não votando uma declaração sobre os futuros laços com a UE, o que também era um requisito do acordo de separação. May esperava que votar apenas o acordo de saída seria o suficiente para diminuir a oposição, embora não houvesse sinais claros de que isso ocorreria.

O porta-voz do Partido dos Trabalhadores, Keir Starmer, disse que remover a declaração política deixou o Brexit cego, “pois você não sabe para onde está indo”.

Conselho Europeu

A data original para a saída da UE era hoje, mas diante do impasse na política britânica, o bloco concedeu uma extensão do prazo ao Reino Unido.

Após a rejeição do acordo, a Comissão Europeia afirmou que uma saída desordenada do Reino Unido do bloco em 12 de abril é agora “o cenário provável”, indicando que a UE está “plenamente preparada” para um Brexit sem acordo.

*Com informações da Deustche Welle