Na sistemática descoberta pela Lava Jato – e que agora deve ser confirmada nas delações -, a Odebrecht mantinha uma primeira camada de offshores controlada por ela mesma. A partir dessas contas, o dinheiro da propina começava a ser movimentado. Da primeira camada ele era transferido para offshores de operadores financeiros ligados ao grupo. Numa terceira etapa, os valores seguiam para dois destinos.

Para quem quisesse receber no exterior, o dinheiro era transferido para offshores que tinham os beneficiários como controladores. Outra forma de pagamento era por entrega de moeda em espécie no Brasil.

Em novembro, a Lava Jato prendeu importante figura nessa engrenagem de pagamentos da Odebrecht. O advogado Rodrigo Tacla Duran, detido na Espanha, era o principal elo entre o Setor de Operações Estruturas e os doleiros e fornecedores de moeda no Brasil. Duran mantinha contato com doleiros e operadores do câmbio negro no Brasil para efetivar os repasses a políticos e agentes públicos.

Mais codinomes – A Odebrecht montou um esquema de codinomes, senhas e mensagens cifradas para tentar ocultar os verdadeiros envolvidos nos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo os investigadores da Lava Jato.

Da mesma forma que os políticos tinham codinomes – “Justiça” identificaria o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e “Caranguejo”, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – cada “prestador de serviço” tinha uma conta nomeada por um apelido.

Nas planilhas e no sistema de comunicação do Setor de Operações Estruturadas foram encontradas contas em nome de “Paulistinha”, “Carioquinha”, “NOB”, “CXSSAR”, Sevenmp”, “Tonico”, entre outros. Uma das principais contas, em volume de recursos, é a “Paulistinha” e “Carioquinha”, que seriam referências a Álvaro Novis, da Hoya Corretora.

Outros operadores da Odebrecht eram o lobista Adir Assad e seu irmão Samir. Eles eram identificados nas planilhas como “Operação Kibe e Esfirra”. Além de operar recursos, forneciam contratos e notas de suas empresas para efetivar repasses. Os operadores estão entre os nomes citados no acordo de delação premiada da Odebrecht.