Em Novembro próximo, mês alusivo aos radialistas brasileiros, a UESC e o Sindicato dos Radialistas de Ilhéus estarão homenageando o radialista Zé Tiro-seco, falecido em 2016.

Segundo a instituição, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao rádio regional, o Estúdio de rádio e Tv que serve aos alunos como laboratório do curso, será, oficialmente de ESTÚDIO DE COMUNICAÇÃO RADIALISTA ILHEENSE ZÉ-TIRO-SECO.

Toda a programação do ato será programada pela Universidade e pelo Sindicato.

Abaixo um breve histórico produzido pelo Presidente do Sindicato dos Radialistas de Ilhéus, Elias Reis.

Histórico:

Altamiro Viana da Silva, conhecido como Zé tiro-seco, brasileiro, baiano, ilheense, nascido no dia 10 de fevereiro de 1937, Aquariano, vascaíno, apaixonado por filme de ação e guerra, católico, devoto de São Cosme e São Damião, foi casado por 44 anos com a sua companheira Sra. Hilda Leite da Silva (Falecida no dia 11/06/2011, às 05h da manhã, aos 74 anos de idade. D. Hilda faleceu em casa, vitima de consequências múltiplas).

Com D. Hilda tiveram dois filhos, Paulo Roberto Leite da Silva (Beto Leite), locutor da Morena FM, e Sandra Regina Leite da Silva, professora. Tem seis netos: Amanda, Fernanda, Paula, Letícia, Natalia e Paulo. Tem sido a alegria do vô coruja.

Altamiro criador de Zé-tiro-seco, o tipo caipira, roceiro, matuto, tabaréu mais famoso da Bahia. Antes do Rádio já foi comerciante na cidade de Ilhéus. Também trabalhou na loja Rosemblit, dos empresários Simon Rosemblit e do seu sócio Moisés Bohana de Oliveira, isso na década de 50.

Ainda jovem Altamiro Viana despertou para a locução. Começou a ter contato com o microfone justamente numa estação de alto-falante do antigo bairro Ponta da Pedra. Lá, iniciou os seus primeiros passos ao lado de Valdenir Andrade e mestre Zizinho do barco.

A partir daí foi um pulo para a Rádio Cultura de Ilhéus, pioneira no sul da Bahia. A emissora contratou o garoto Zé para ser operador. Como já tinha experiência no microfone, o menino franzino, meses depois, ganharia um programa que intitulou de Rádio Despertador. Começa a desenhar a trajetória do sucesso.

Com a chegada do seu maior amigo na radiofusão, Tony Neto, que sugeriu a Zé, e este, imediatamente aceitou, trocando o nome do programa para Na Fumaça do Gongo. A partir dai consolidou mais ainda o sucesso e audiência absoluta no horário. Fato inédito no rádio brasileiro: Mais de 40 anos em 1º lugar.

Zé tiro seco conviveu na época com grandes nomes da radiodifusão: Pititinga, Titio Brandão, Alfa Santos, Adocival Araújo, Nelson Caverna, Evaldo Tabajara, Cleofas Santos, Roberto Rabat, Emílio Gusmão, Sérgio Leite, Ramiro Aquino, Edinho Nascimento, Edson Pereira, Laudiceia Carvalho, Déo Santana, Jorge Oliveira e o próprio Valdenir Andrade. Nos dias atuais Zé-tiro-seco faz questão de lembrar alguns dos seus amigos, reconhecendo a importância de comunicadores como Gil Gomes, Jorge Raposo, Jota Carlos, Jota Raimundo, Elival Vieira Saldanha, Raimundo Jackson, Lindinalva Santos, Vila Nova, Luke Rei, Toni Mattioli, Jeremias Santos, Yolando Souza, Jonildo Glória, Fábio Roberto, Marcelo Alves, Demmys Dórea, Bira Madureira, Marinho Santos, Ciro Zatele, Edilson Guimarães, Valter Santos, Jaqueline Mendes, Robertinho Scarpita, Edmundo Santos, Quinto de Souza, Zé Maria de Almeida, Rita de Cássia, Júlio César, Coutinho Neto, Jota Hage, Ricardo Magalhães, Jarles Soares, Gerdan Rosário, Walter Machado, Salomão Batista e, não se esquecendo de operadores, programadores e técnicos como Roque Vieira, Maurício Silva, Sérgio Gordo, Vagner Lima, Virgílio Moralis, Celso Nascimento, Catuta de Yolanda, Walter Capacete e tantos outros com quem trabalhou ou conviveu, mas,  a memória teima.

Sempre cogitado por outras emissoras, Zé tiro seco nunca aceitou convites de outras rádios de fora. Nem mesmo a promessa de um bom salário e a interferência de um ex-prefeito conseguiu levá-lo para a Rádio Excelsior da Bahia. Muitas emissoras continuavam sondando Zé tiro seco, que preferiu continuar trabalhando em Ilhéus e morando na Av. Itabuna, Alto da Conquista, Princesa Isabel onde morou, e agora, no Alto do Pacheco, onde mora atualmente com a filha.

Para se ter uma ideia da audiência de Zé tiro seco, o mesmo fez uma façanha no dia 1º de abril de 1986, A título de brincadeira, no dia da mentira, Zé avisava no programa da existência de uma baleia encalhada na praia Soares Lopes. Minutos depois, a praia estava cheia de pessoas querendo ver o tal cetáceo marinho. O fato foi noticiado até mesmo na capital do estado. Zé, a partir daí percebera a dimensão de sua audiência, de sua credibilidade. No final, tudo foi arrumado, e os ouvintes absorveram a brincadeira…

Esse é Zé tiro-seco, arretado, rei do rádio regional do sul e extremo sul da Bahia. Caipira de destaque na radiodifusão, sempre levando a notícia do cotidiano, a alegria e o seu jeito modesto de fazer rádio. Exatamente há 52 anos em primeiro lugar nos lares e em todos os cantos da sede e distritos do município de Ilhéus.

Segundo o radialista e servidor público, Dino Rocha, existe no acervo da Uesc um vídeo intitulado “Cumpadi Zé Tiro Seco”, de autoria dos ex-alunos Telmo Figueiredo e Heuger Campos. “Iremos solicitar cópia desta gravação para que possamos distribuir entre a categoria de radialistas, bem como manter arquivado em nossa entidade”, afirma Dino, que é secretário do Stert-Ilhéus

Para a Professora da Uesc e madrinha dos radialistas Ilheenses, Dra. Eliana Albuquerque, foi o próprio Altamiro Viana que deu vida à figura de Zé tiro seco. “Zé Tiro Seco não é um apelido, é um nome radiofônico. na época, um dos craques do Colo Colo era José Cassimiro, de quem ele pegou o “Zé”. Como o locutor servia o Tiro de Guerra, acrescentou o “Tiro”. E, “seco”, por ser muito magro”.

As passagens de Zé-tiro-seco nas Rádios Bahiana de Ilhéus e Santa Cruz, a partir de 2005, iniciou-se mais uma etapa de sua vida. Foram etapas de novos voos e desafios.

No último dia 29/01/2016, depois de mais de cinco décadas de serviços prestados a radiodifusão, definitivamente, Zé tiro seco abandona os microfones.

Missão cumprida!

Zé, obrigado por tudo!