Uma pesquisa divulgada este ano pelo LinkedIn aponta que 63% dos brasileiros usam redes sociais para procurar trabalho. Este percentual é menor apenas do que o registrado na Espanha (70%), Chile (68%) e Cingapura (63%), segundo a 2015 Talent Trends, feita com 20 mil profissionais de 29 países. Mas será que a internet está tornando obsoletas as tradicionais agências de recursos humanos?
“Atualmente, quase todas as vagas de pessoal qualificado até o nível de gerência são preenchidas por buscas na internet. Apenas os executivos ainda são selecionados por headhunters”, aposta o executivo espanhol Sérgio Mendez Baiges, cofundador do site Prolancer, que recruta trabalhadores freelancers de revisão, tradução, design, desenvolvimento de web e outras áreas.
O site foi fundado há cinco anos, quando Baiges, um profissional de TI que acabava de chegar ao país em busca de emprego, se deu conta de que havia demanda para intermediação online de trabalho para freelancers. “Um amigo brasileiro me deu a ideia e eu vi que havia espaço para esse negócio”, conta o espanhol, que abriu um site junto com outros dois conterrâneos.
Baiges avalia que o método de contratação por agências tradicionais é muito apropriado, também, para empregos temporários.
O diretor-executivo da Totvs Bahia, Ricardo Galvão, ressalta a praticidade das redes sociais profissionais e destaca as vantagens de se buscar emprego online, do ponto de vista do empregador. “Em sites como o LinkedIn, você pode acessar facilmente o profissional com o perfil desejado”, afirma.
Especialistas em recursos humanos, Cristina Gouveia Barreto destaca que, no caso do mercado de trabalho da Bahia, empresas dos setores petroquímico e automotivo às vezes encontram dificuldades para preencher cargos com qualificação muito específica. “Através das redes sociais é possível encontrar possíveis candidatos em outros estados”, pondera Cristina. Ela destaca que os contatos entre empregadores e empregados devem ser feitos prioritariamente por meio de redes sociais voltadas para a carreira profissional. “Embora muita gente faça, o ideal é não usar redes com perfil mais pessoal”, afirma.
Menos otimista com as redes, o consultor e coach Jaques Grinberg acredita que o profissional qualificado pode desvalorizar a sua imagem ao procurar empregos em redes sociais. “Ele vai disputar simultaneamente várias vagas, muitas das quais não combinam com seu perfil ou que não são o que ele está de fato”, justifica Grinberg, que faz palestras sobre empreendedorismo, vendas, liderança, atendimento e fidelização de clientes.
O executivo afirma que uma alternativa melhor é buscar diretamente os sites das empresas em que o profissional está realmente interessados em atuar e cadastrar o currículo na seção normalmente chamada Trabalhe conosco, que está disponível nas páginas da maioria das grandes empresas.
O resultado para busca de trabalho online não é linear em todos os setores de economia. Fotógrafo profissional há mais de 20 anos e com experiência em moda, publicidade e eventos, Fábio César Meneses, utiliza as redes sociais para divulgar o seu trabalho, principalmente Flick e Instagram, mas não considera que a internet seja tão decisivo na conquista de trabalhos freelance.
“Acontece de eu postar fotos e surgirem convites, mas isso não é tão frequente”, afirma o fotógrafo, ao assinalar que com a popularização das câmeras digitais de celulares com câmara, está mais difícil convencer as pessoas a pagar por um trabalho profissional. “Há celulares que permitem a troca da lente”, destaca Fábio para ilustrar como a tecnologia tem aviltado o mercado de fotografia profissional. “As pessoas oferecem cada vez menos pelo trabalho de um fotógrafo. Tem profissional que está aceitando isso. Meu trabalho tem um preço. Se o cliente quiser pagar, negócio fechado. Mas não vou barganhar”, afirma Fábio.
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