Acompanhando atentamente os reflexos desta longa seca que tem castigado a região, a Associação dos Agropecuaristas do Sul da Bahia lança o alerta por conta das inúmeras perdas registradas nos últimos meses no campo. “Os produtores do Sul da Bahia estão passando por momentos críticos, e o resultado não poderia ser pior: drástica redução na produção de café, cacau, gado de leite e gado de corte, principais atividades dos associados da ADASB”, destaca o presidente Elder Fontes.

Como entidade que congrega produtores de diferentes segmentos, a ADASB tem usado de todos os meios e ações para tentar minimizar a situação. “Estamos monitorando constantemente esta situação, e paralelo a isso, temos incentivado a adoção de medidas emergenciais, de acordo com o segmento de cada associado”, informa.

De acordo Elder, a ADASB também tem buscado se inserir nos debates e discussões relacionados à crise hídrica da região, com o objetivo de ter voz nesses meios e defender os interesses da classe. O associado Wedson Macêdo, da Fazenda Reunidas Arriata, município de Ibicaraí, trabalha com gados de corte e lembra que sua propriedade já teve 1000 cabeças de gado, mas por causa seca esse número não passa hoje de 500.

“Há oito meses estamos adotando medidas emergenciais. Seja transferindo o gado para fazendas em regiões que se encontram em situação melhor, ou mesmo vendendo o rebanho”, conta. E os reflexos da seca não param por aí. Pedro Alberto Fontes, forte produtor de leite na região, diz que em sua propriedade (Fazenda Mirabela), município de Itapé, a produção reduziu em 50%. “Esta é a pior seca que já vi em nossa região”, frisa.

Na cacauicultura não tem sido diferente. Com propriedades em Ilhéus e outras cidades da região, o associado Raimundo Fontes informa que 70% da Safra 2015 foi comprometida e que não colheu nada até agora da Safra Temporã 2016. O Engenheiro Agrônomo Antônio Mário Seixas presta assistência em muitas propriedades da região e tem uma visão macro da situação.

“A Safra Temporã 2016 está comprometida em 60% e a Safra Principal também, mesmo que caia a chuva que precisamos. Isto porque as plantas precisam de um longo tempo para recuperar a sua fisiologia e energia”, explica.

Produtor de café que é referência nas regiões Sul e Extremo Sul da Bahia, Edimar Margotto Jr. lamenta a queda de 40% na produção. E explica que o agravante desta cultura é que além de reduzir a produção, a qualidade também sofre influência. “Os reflexos são diversos, safra pequena, grão de qualidade inferior, produtor descapitalizado e desemprego no campo”, encerra.