Parte do dinheiro repassado ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral pela empreiteira Andrade Gutierrez, no contexto do esquema investigado pela Operação Calicute, foi contabilizado na forma de doação de campanha. De acordo com os procuradores envolvidos na apuração, foi comprovado até agora o pagamento efetivo de R$ 9,5 milhões em propina ao ex-governador, sendo R$ 2 milhões em uma doação ao diretório nacional do PMDB, para a campanha de 2010. A denúncia oferecida nesta terça-feira (6), baseada nos valores informados em delação pela empreiteira, foi solicitada R$ 25 milhões por Cabral (correspondente a 5% sobre os contratos firmados com o governo) e R$ 5 milhões ao ex-secretário de Obras de sua gestão, Hudson Braga, referente a 1% sobre os contratos (a chamada taxa de oxigênio). Baseado na forma como funcionava o esquema, os procuradores estimam que outras empreiteiras participantes de três obras que tiveram os contratos superfaturados (reforma do Maracanã, Arco Metropolitano e PAC Favelas) possam ter repassado R$ 224 milhões em propina.