Uma mulher, identificada como Raiana Ribeiro da Silva, de 25 anos, pulou do 3ª andar de um prédio, onde trabalhava como babá, no bairro do Imbuí, em Salvador, na última quarta-feira (25). De acordo com a Polícia Civil, a vítima afirmou ter tomado a medida após ser mantida em cárcere privado pela patroa.

A polícia informou que o caso é investigado pela 9ª Delegacia Territorial (DT/Boca do Rio). A patroa foi intimada e será ouvida nesta quinta-feira (26).

Segundo o advogado Bruno Oliveira, que representa a babá, a mulher morava na cidade de Itanagra, no litoral norte baiano e a cerca de 150 km da capital baiana. Ela encontrou uma vaga de emprego através de um site e mudou-se para Salvador ao acertar a contratação por telefone com a patroa.

Conforme informações da vítima, ela iniciou o trabalho na última quinta-feira (19). No sábado (21), a jovem comunicou a patroa que não poderia continuar o trabalho no imóvel e que iria buscar outro emprego. A partir de então, a patroa iniciou as agressões e trancou ela em um banheiro, informou a defesa da jovem.

Ainda de acordo com a defesa, a babá conseguiu mandar áudio para família com pedido de ajuda, mas o aparelho celular foi recolhido pela patroa. Os familiares foram até Salvador em busca da vítima e não conseguiram encontrar o condomínio.

“Oh meu Deus, chama a polícia. Eu estou sendo agredida aqui. Estou sendo agredida aqui, nega, no trabalho, no Imbuí. Chama a polícia, chama a polícia, por favor, por favor”, disse Raiana no áudio.

A defesa conta também que a mulher ficou desesperada após ser trancada no banheiro do apartamento, mas conseguiu passar pelo basculante e se jogou caindo no parapeito do terceiro andar.

Raiana sobreviveu à queda, mas sofreu fraturas no pé e foi socorrida por moradores do prédio e levada por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Estado. Ela recebeu alta médica ainda na quarta-feira, mas terá que ficar alguns dias sem sair da cama.

Após o caso, o Sindicato das Domésticas afirmou que acionou a Superintendência Regional do Trabalho.

“Não é permissível mais, em uma época dessa, acontecer essas violências. Têm aparecido muito, durante a pandemia, casos de trabalhadoras que são obrigadas a ficarem confinadas no local de trabalho”, disse uma integrante do sindicato.