Após confrontos com forças armadas nigerianas, jihadistas conseguem ocupar a estratégica Monguno. Em visita a Lagos, John Kerry pede esforços para coibir onda de violência pós-eleições presidenciais em fevereiro.

O Exército da Nigéria afirmou neste domingo (25/01) ter repreendido vários ataques dos jihadistas do Boko Haram na cidade de Maiduguri, norte do país, alvo freqüente de ataques. No entanto, a estratégica cidade de Monguno, no nordeste nigeriano, e uma base militar teriam caído nas mãos dos radicais, que ainda teriam atacado Konduga, a sudeste de Maiduguri.

Na noite do domingo, porém, moradores da região próxima ao aeroporto de Maiduguri afirmaram ter voltado a ouvir supostos confrontos armados entre terroristas e tropas do governo na região.

“Ouvi alguns tiros e explosões de bombas. Tenho certeza que eles (militantes do Boko Haram) voltaram para retaliar o que fizeram com eles nesta manhã”, afirmou o morador Bello Muhammad, que mora a apenas 300 metros do aeroporto, à agência de notícias Reuters.

O ataque a Maiduguri, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas, começou pouco depois da meia-noite de sábado para domingo. Pelo menos oito pessoas morreram e cerca de 30, a maioria de civis, ficaram feridas, segundo informações de dois hospitais.

A Anistia Internacional fez um alerta, declarando que “centenas de milhares de civis correm risco atualmente no país”. Na semana passada, o Boko Haram assumiu autoria de ataques que mataram centenas de pessoas na cidade de Baga e em seus arredores, próxima do Lago Chade.

A dificuldade enfrentada pelas Forças Armadas para combater o grupo terrorista tem sido a maior dor de cabeça do presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, candidato à reeleição nas eleições de fevereiro. Seu adversário nas urnas é o general da reserva Muhammadu Buhari, candidato da centro-esquerda.

Visita de Kerry

O secretário de Estado americano, John Kerry, desembarcou neste domingo em Lagos, centro econômico da Nigéria, e fez um apelo aos candidatos à presidência para que respeitem os resultados das urnas.

Ele ressaltou a preocupação dos Estados Unidos de que uma onda de violência pós-eleições poderá desestabilizar o país e atrapalhar o combate contra o Boko Haram. Jonathan e Buhari conversaram com Kerry neste domingo.

“Estas serão as maiores eleições democráticas do continente. É absolutamente fundamental que elas sejam conduzidas de maneira pacífica – e que sejam confiáveis, transparentes e responsáveis”, afirmou o secretário americano.