O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ratificou, nesta terça-feira (17), que vai entrar com um pedido de impeachment no Senado contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Mesmo com toda a mobilização de líderes do Centrão e aliados do governo na tentativa de fazer o presidente mudar de ideia, ele voltou a afirmar que vai entregar o pedido ao Congresso.

O chefe do Executivo ressaltou ainda que, nesta semana, terá “novidades” dentro das quatro linhas da Constituição. “Está com o Senado agora. Não vou agora tentar cooptar senadores de uma forma ou de outra oferecendo alguma coisa para eles votarem o impeachment deles”, declarou em entrevista à Rádio Capital Notícia, de Cuiabá, nesta manhã.

O presidente criticou Alexandre de Moraes por tê-lo incluído como investigado no inquérito das fake news. Na avaliação de Bolsonaro, a investigação é “o absurdo dos absurdos” e o ministro o está julgando de forma isolada.

“Não pode um ministro do Supremo, no caso o Alexandre de Moraes, ele mesmo abre o inquérito, ele investiga, ele julga e ele prende. Não tem nem a participação do Ministério Público, nada”, reclamou o presidente. “Vai fazer diligência? Vai fazer uma busca e apreensão na minha casa? Vai me sancionar nas mídias sociais por caso? Será que ele vai chegar a esse ponto?”, afirmou.

Para Bolsonaro, Moraes “está fazendo barbaridade”, assim como o corregedor do TSE, Luis Felipe Salomão, que suspendeu a monetização de canais que propagam mentiras sobre o sistema eleitoral.

Apesar das críticas a Moraes e as recentes trocas de farpas com o presidente da corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, o presidente negou que ataque todos os magistrados do STF. “Não pode alguns poucos ministros, poucas autoridades, se tornarem donos do mundo, donos da verdade. Quando eu falo do ministro Barroso e do Alexandre, estou falando de 2 dos 11 ministros do Supremo”, disse. “Isso faz parte da vida democrática.”

Sobre a possibilidade de o TSE torná-lo inelegível, Bolsonaro declarou: “Baseado em quê? Pelo que eu estou sabendo isso é mais que uma fumaça, parece que um pequeno incêndio, baseado em fake news”. De acordo com o presidente, é um direito dele advogar a favor do voto impresso.

Segundo Bolsonaro, enquanto ele ainda atua dentro da Constituição, “do lado de lá, já saíram das quatro linhas (da Constituição)”, acusou. O presidente declarou que ninguém quer uma ruptura no País. “Uma ruptura tem problemas internos e externos”.

A respeito das manifestações previstas para o feriado de 7 de setembro, disse que ainda não sabe se vai participar dos atos, o que classificou como mobilizações “em defesa da democracia, da liberdade e contra a interferência de alguns ministros”. Para ele, “nós temos que ouvir o povo”.

Aliança eleitoral só em 2022. De olho nas eleições de 2022, o presidente afirmou que a aliança política para o pleito vai começar a ser formada a partir do início do ano que vem. Segundo ele, até o momento, “não tem compromisso com Estado”, mas disse que evita falar isso para não ter problemas dentro do Parlamento “Preciso aprovar coisas para o bem do Brasil.”

Bolsonaro avaliou que uma aliança na atual situação nacional vai complicar ainda mais a estabilidade. “Trazer para dentro agora desse turbilhão que a gente vive, do problema que a gente vive aqui, a gente complica mais a situação do Brasil”, diz.

Para o pleito, no entanto, o chefe do Executivo permanece sem partido para concorrer. Se dependesse dele, conforme pontuou, a escolha já teria sido feita. “Mas o casamento é difícil, sempre tem um problema pela frente, estou correndo atrás”, reforça. Segundo o presidente, há a possibilidade de ir para o Progressistas, porém, a sigla também “precisa querer”. Como mostrou o Estadão, o partido flerta também com a esquerda em alianças regionais.

Veto ao fundo eleitoral. Bolsonaro disse que vai vetar o fundo eleitoral na íntegra caso seja impedido de cortar o que exceder a lei de 2017 de reajuste ao projeto. De acordo com o chefe do Executivo, a ordem dada por ele foi vetar tudo o que extrapolar aquilo que foi previsto em 2017, uma vez que não quer gerar atritos com a Câmara dos Deputados ou o Senado.

“Mas vamos supor que não seja possível porque está em um artigo só, então vete tudo”, disse. O presidente voltou a declarar que “temos que cumprir a lei” e, não pode vetar ou sancionar “qualquer coisa sem responsabilidade”. “Se eu sancionar o que não devo ou vetar o que não posso, estou em curso em crime de responsabilidade”, afirmou.

Com informações do Estadão Conteúdo