Setores A e B. Assim está dividido, desde 2012, o município de Caetité, no sudoeste da Bahia. A medida foi adotada pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e sustentou caráter emergencial. Com períodos de longas estiagens, a estatal afirma que os mananciais de Moita dos Porcos, Passagem das Pedras e Santarém, que abastecem a cidade, chegaram a níveis críticos que obrigaram o início de uma política de racionamento.

Caetité tem racionamento desde 2012 e água só chega a casas a cada 4 dias 2

Cidade de Caetité foi dividida em dois setores (Foto: Divulgação / Embasa)

Segundo a Embasa, Caetité, que integra o semiárido baiano, é o único dos 364 municípios atendidos pela empresa que segue o cronograma parcial de abastecimento.

Como medida emergencial, a estatal detalha que passou a captar água de poços e definiu alternância de distribuição para moradores da cidade. Durante quatro dias, apenas o “Setor A” recebe água. Nos quatros seguintes, apenas o “B”.

Conforme o gerente do escritório da Embasa em Caetité, Paulo Ledo, a mudança alterou profundamente a rotina da população. No primeiro ano da mudança, os moradores da cidade tiveram que aprender a lidar com o uso diário de 60 litros por habitante. Ledo afirma que a média nacional é de cerca de 160 litros por pessoa.

“O calendário é uma medida didática para o consumo racional. As pessoas passaram a reservar para consumir dentro de um padrão. Elas se adequaram”, comenta.

Adutora do Algodão
Segundo Paulo Ledo, o abastecimento teve melhora considerável em 2014, quando a cidade começou a receber, a partir de obra emergencial, água do Rio São Francisco. Com a medida, a oferta de água na cidade, que era de 2 mil m³ por dia, subiu para 4 mil m³, o que estaria garantindo hoje consumo de 120 litros de água por pessoa/dia.

A transferência emergencial foi realizada por tubulações construídas para obras da “Adutora do Algodão”, que está na segunda etapa e é apontada pela Embasa como solução para o racionamento no município. As obras, que estão 83,9% concluídas, devem chegar ao fim em julho deste ano, segundo previsão da estatal. Após o término, a vazão de água deve ser 78 litros por segundo, o equivalente a 280 mil litros por hora.

Conforme a Embasa, a “Adutora do Algodão” leva a água do São Francisco para a região de Guanambi, por meio de 265 km de tubulações, e custou R$ 135,7 milhões. Mais R$ 48 milhões estão sendo investidos na 2ª etapa deste empreendimento, com 250 km de adutora que devem atender mais cinco municípios e 34 pequenas localidades.

Falta de água
Morador do bairro de São Vicente, que fica no “Setor A” de distribuição, Alex Carvalho, de 39 anos, ressalta que recebe todo mês uma tabelinha revelando a alternância do abastecimento.  “Essa medida já vem afetando a nossa vida há muito tempo. O problema é que, mesmo com o cronograma, às vezes não recebemos água nos dias previstos”, reclama.

Carvalho explica que mora em um bairro relativamente alto e, mesmo com apenas duas pessoas em casa, enfrenta problemas nos dias de abastecimento. “Já cheguei a ficar finais de semana inteiros sem água”, destaca.

O morador do bairro de São Vicente relata que acredita confia no fim do racionamento para ainda este ano, como promete a Embasa. “Não vejo nenhuma movimentação neste sentido”, argumenta.