A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon afirmou nesta segunda-feira (5) que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se lança em uma candidatura “oportunista” ao Supremo Tribunal Federal (STF), na esteira da aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello neste mês. Também figuram no páreo o advogado-geral da União, André Mendonça, e o presidente do STJ, Humberto Martins —ambos considerados preferidos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para uma indicação “terrivelmente evangélica” à vaga.

“Em relação a Augusto Aras, entendo que é um candidato de oportunidade, de ocasião. Eu não gosto desse tipo de candidatura para um tribunal como o Supremo”, declarou a magistrada ao Metro1.

Ex-corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ela diz que, tal como no caso do conterrâneo Aras, não vê com bons olhos a postulação de Humberto Martins para o posto na corte. Para a ex-ministra baiana, ambas as movimentações denotam alguém que se “locupletou para subir de cargo e ser arauto da própria vantagem e assumir o cargo em nível maior”.

“Esse oportunismo da parte de Aras quanto de Humberto Martins se dá porque eles exercem cargo de total responsabilidade, em que existem interesses fortes. Suas candidaturas ficam parecendo uma espécie de transação dos interesses institucionais”, afirmou.

Em sua avaliação, Calmon diz que Mendonça seria hoje o nome mais adequado para o posto a ser aberto no Supremo.

“Eu posso fazer uma avaliação da minha perspectiva. Dentro da minha visão, eu posso dizer que, dentre esses candidatos que aparecem aí, eu acho mais adequado é o André Mendonça. Ele é muito correto, muito sério, não transgrediu qualquer princípio constitucional. Tecnicamente, ele é bastante preparado”, elogiou a magistrada.

“Desta forma, se eu tivesse que apontar alguém, eu apontaria o André Mendonça. No caso dele, ele já fazer a defesa do Estado. Então ele não tem  que transacionar senão somente com o Direito. Daí o por quê de ele sofrer um grande desgaste diante de sua conduta ilibada”, acrescentou a ex-ministra.