A viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, Júlia Lotufo, não pretende se entregar para as autoridades do Rio de Janeiro por temer pela própria vida. Segundo pessoas próximas a ela e advogados, Júlia entende que pode ser vitima de queima de arquivo. Ela conhecia muito das relações e negócios ilegais do ex-campeão da PM que virou miliciano e foi morto em uma ação da polícia baiana em fevereiro de 2020.

Júlia era a contadora do esquema ilegal do marido, que tinha restaurante, empresa de alimentação, haras e outros negócios que eram utilizados justamente para lavar o dinheiro ilícito vindo dos grupos paramilitares. Adriano da Nóbrega chefiou um grupo de extermínio conhecido como Escritório do Crime, com forte atuação na zona oeste da capital fluminense e também liderou milícias nesta região. Ele foi capitão da Polícia Militar e chegou a ser homenageado algumas vezes na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Condecorações oferecidas, inclusive, pelo então deputado estadual e atual senador Flavio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.