Os caminhoneiros mantêm os bloqueios parciais em rodovias federais pelo país nesta sexta-feira (25), mesmo após acordo entre o governo federal e alguns representantes da categoria.

Enquanto isso, a falta de combustíveis gerou filas em postos de gasolina em todo o país, e uma redução das frotas de ônibus nas cidades. Aeroportos também correm risco de desabastecimento.

Leia abaixo perguntas e respostas sobre o movimento.

– Qual o motivo da manifestação?

O motivo é o custo do diesel. Hoje, ele remonta a valores de 2008, quando o petróleo explodiu. A política de preços da Petrobras é repassar as flutuações nas cotações internacionais às refinarias, o que significa que a alta do dólar impactou o custo do frete, incomodando o setor de transporte.

– Como foi o acordo entre governo e manifestantes nesta quinta-feira (24)?

Oito entidades assinaram um acordo com o governo que deve custar R$ 5 bilhões aos cofres públicos. O acordo não significa que o movimento será interrompido, já que alguns representantes da categoria, como a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), não subscreveram o documento do governo, e quem está na rua não necessariamente se sentiu representado.

– Quem são os caminhoneiros bloqueando as estradas?

Quem protesta e faz bloqueios são caminhoneiros autônomos, que representam cerca de 40% da categoria. As transportadoras (donas dos veículos fretados, em oposição aos autônomos) não aderiram oficialmente ao movimento, mas deixaram de fazer entregas, alegando preocupações com segurança.

– O que o governo e a Petrobras já cederam?

Na quarta (23), a Petrobras anunciou que reduziria o preço do diesel para as refinarias em 10%, por um prazo de 15 dias. Com o acordo desta quinta (24), o governo se comprometeu a garantir descontos de 10% por um total de 30 dias, bancados pelo Tesouro Nacional.

Os reajustes nos preços dos combustíveis também deixarão de ser diários e passarão a ser mensais, com eventuais impactos econômicos causados pelo não reajuste subsidiados pela União, e não pela estatal.

– Há empresas apoiando o movimento?

Muitos caminhoneiros se organizam de forma autônoma, via grupos de WhatsApp, mas o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a área de inteligência do governo identificou indícios de participação do setor empresarial, que, se comprovada, vai exigir ação da Polícia Federal.

– O que pensam os manifestantes?

Os caminhoneiros se queixam do preço do diesel, do pedágio, da condição das estradas, dos custos para a sua atividade, como o IPVA.

– Por que o envolvimento de empresas seria problemático?

Enquanto o direito de greve é legítimo, garantido por lei, o locaute (pressão exercida por empresários para negociar com trabalhadores ou com o governo) é ilícito e pode ser considerado crime.

Por isso, a suposta adesão das transportadoras, anunciada por José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam, é controversa e motivaria investigação do governo.

Quais entidades concordaram em parar com as manifestações? A trégua foi assinada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Confederação Nacional do Transporte (CNT), Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) e outros sindicatos. Abcam e União Nacional dos Caminhoneiros não cederam.

– Os que não pararam agora vão parar quando?

A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) afirmou que só irá interromper a paralisação quando a isenção de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre o diesel estiver publicada no Diário Oficial, ou seja, quando virar lei.

Nesta sexta-feira, muitos motoristas afirmaram apenas que não acharam que o governo cedeu o suficiente, mas não especificaram qual a demanda que falta ser atendida.