Depois da polêmica sobre o corte das castanheiras da Prainha de Muquiçaba, um Projeto de Lei pretende impedir a retirada de árvores que fazem parte da história do município. Autor do projeto, o vereador Rogério Zanon, o que aconteceu essa semana foi um verdadeiro crime contra o meio ambiente da cidade.

Dentro do projeto do executivo, árvores da Prainha foram cortadas na última quarta-feira (4).

“Logo após o corte de árvores, imediatamente fiz um Projeto de Lei, junto com a minha equipe, para impedirmos a retirada de árvores que fazem parte da história do município. O projeto foi protocolado nesta quinta-feira na câmara e espero que em breve vá a plenário para votação, onde pedirei dispensa de interstício para agilizar a votação, pois ao meu ver é um assunto prioritário no município já que o nosso executivo não está nem aí para as nossas árvores”, disse o vereador.

O Projeto de Lei prevê, diante de atitudes de corte de árvores importantes que seja feito um estudo de viabilidade, acionamento imediato do Conselho de Meio Ambiente e concocação da população para decidir se árvore deve ou não ser cortada,

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“Uma coisa é você fazer um poda, outra é retirar completamente uma árvore que faz parte da história da cidade. A desculpa do município para esse corte das árvores é que as raízes estão afetando a rede de esgoto e encanações dos edifícios da Prainha, mas em nenhum momento nos mostraram um estudo e a possibilidade de uma outra alternativa. Estamos na contramão das outras cidades, que ao invés de cortarem estão plantando árvores”, disse o vereador.

O projeto deve se adequar às arvores, e não o contrário

Quem disse isso foi o vereador e Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, Thiago Paterlini, durante um áudio enviado em grupos de uma rede social. De acordo com ele, algumas árvores foram retiradas em consenso com a associação de moradores, mas outras não.

De acordo com o vereador Paterlini, árvore não prejudicava moradores. Foto: arquivo pessoal

“Retiraram uma castanheira aqui em frente à marinha que não prejudicava em nada os moradores. No momento da retirada, liguei para a secretaria e fui informado que os moradores do prédio em frente solicitaram a retirada. Mas isso não aconteceu, conversei com o sindico e ele disse que em nenhum momento os condôminos solicitaram isso”, desabafou durante o áudio.

Ainda de acordo com Paterlini, a população deve se unir. “Eu sugiro que se faça um vigilância, ou um acampamento. O projeto de revitalização da orla da Prainha é bom, e muito bem-vindo. Mas a ordem de serviço já tem oito meses e até agora nada de obra, só retiraram as arvores. Isso me deixa um pouco nervoso, essas mentiras não podem acontecer”, finalizou.

MP acionou Município de Ilhéus para coibir supressão irregular de árvores centenárias

Uma ação civil pública ambiental com solicitação de medida liminar que obrigue o Município de Ilhéus a não suprimir árvores centenárias localizadas na Avenida Soares Lopes foi apresentada pelo Ministério Público estadual à Justiça na última quinta-feira, dia 9. No documento, o promotor de Justiça Paulo Eduardo Sampaio Figueiredo pediu que as árvores, relacionadas ao acesso viário da Ponte Jorge Amado, não fossem retiradas sem apresentação prévia do plano de manejo de fauna. “As referidas árvores abrigam famílias inteiras de pássaros do gênero ‘maritaca’, os quais ali residem há décadas e não estão tendo o devido tratamento de serem remanejados para outro local”, alertou o promotor.

Paulo Figueiredo destacou que não se sabe se houve plano de manejo de fauna no processo de licenciamento ambiental da obra do acesso viário. Segundo ele, a informação já foi requisitada, mas, “ainda que tenha havido esse estudo e tenha sido incluído no licenciamento ambiental da obra, o mesmo não está sendo devidamente cumprido pelo Município de Ilhéus, em detrimento daquelas aves desamparadas”. O promotor de Justiça explicou que as aves são espécie selvagem do bioma Mata Atlântica e possuem características altriciais – não sobrevivem sem os seus pais. Para ele, a supressão das árvores e, consequentemente, dos ninhos levará ao declínio de toda uma geração, o que pode afetar a perpetuação dessa população de pássaros no Centro de Ilhéus.

De acordo com o promotor de Justiça, o Ministério Público do estadual tomou conhecimento dos fatos na terça-feira, dia 7, por meio de representação encaminhada ao e-mail funcional sobre a erradicação de árvores amendoeiras centenárias na Avenida Soares Lopes. A situação foi prontamente apurada e a ação civil pública ajuizada.

ESCUTA, vereador diferenciado.