Com seis mortes atribuídas à microcefalia e 112 casos notificados este ano com suspeita da doença no estado até o dia 1º de dezembro, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) anunciou nesta sexta-feira, 4 que no próximo dia 10 entra em funcionamento o Centro de Operações de Emergências em Saúde. A unidade vai unificar os trabalhos de organização de dados, vigilância e controle epidemiológico.
Coordenado pela Sesab, o centro será formado por especialistas de diversas áreas e órgãos estaduais e do Ministério de Saúde, e terá a função de elaborar e divulgar boletins semanais sobre casos notificados da doença no estado.
Segundo o secretário de Saúde do estado, Fabio Vilas-Boas, o centro também vai disponibilizar equipes que vão se deslocar para os municípios com casos suspeitos notificados para aprofundar as investigações e a relação entre a microcefalia e o zika vírus.

As mortes dos bebês com microcefalia foram registradas em Salvador, Itapetinga, Itabuna, Camaçari, Tanhaçu e Olindina, conforme a Sesab. No total, os casos suspeitos ocorreram em 34 municípios, sendo confirmados 37 casos em 26 cidades.
De acordo com o secretário, para combater o Aedes aegypti – mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya -, o Estado está preparando nova campanha de conscientização, mobilizando a população e os gestores municipais.
Vilas-Boas, que é vice-presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), participa na quarta-feira, em Brasília, de uma reunião da instituição, com a meta de alinhar estratégias com outros estados, em ação similar já realizada com estados do Nordeste.
O secretário já adiantou que a Bahia vai propor a liberação de verba suplementar por parte do Governo Federal, da ordem de R$ 15 milhões para as ações de intervenção e contenção do processo epidêmico.
Os estados também vão cobrar do Ministério o fornecimento emergencial do suprimento de larvicidas e adulticidas, e a agilização dos resultados dos exames laboratoriais enviados para o Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência para zika.
Sete casos suspeitos
Salvador e Lauro de Freitas lideram os casos notificados com suspeita da doença no estado, seguidos da região de Feira de Santana, onde o Núcleo Regional de Saúde (NRS) investiga sete casos suspeitos de microcefalia que podem estar relacionados com o zika vírus.
De acordo com o diretor do NRS, Edy Gomes dos Santos, cinco casos são de Feira e os outros dois de Amélia Rodrigues e Santo Estêvão.
A Sesab destacou, em nota, que os números apresentados seguem padrão utilizado pelo Ministério, considerando com pacientes de microcefalia os bebês com perímetro encefálico igual ou inferior a 33 cm.
Conforme a Sesab, “se aplicarmos o critério adotado a partir de 3/12 pelo Ministério, em consonância com a Organização Mundial de Saúde, no qual considera microcefalia o perímetro encefálico igual ou menor que 32 cm, a Bahia possui 87 casos notificados”.
Itabuna decreta estado de emergência em saúde pública

Em Itabuna, onde a média de infestação predial de larvas e mosquito Aedes aegypti está em 13,8%, o município decretou, nesta sexta, estado de emergência em saúde pública, considerando a relação entre a incidência do mosquito, as doenças transmitidas por ele e os casos de microcefalia.
Conforme o decreto municipal, a situação está se agravando nos últimos tempos por causa da seca que leva as pessoas armazenar água em lugares descobertos, ficando aí a maioria dos criatórios do mosquito.
A ocorrência de quatro casos de recém-nascidos com microcefalia – sendo dois de Itabuna, um de Buerarema e um de Una – tem preocupado a comunidade do sul do estado. De acordo com o prefeito Claudevane Leite, a situação demanda as ações emergenciais de acompanhamento, em especial às gestantes.