O comunicólogo Emílio Gusmão concluiu o programa de mestrado da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Na última quinta-feira (3), na sede do instituto em Nazaré Paulista (SP), apresentou o trabalho intitulado “Porto Sul e imprensa – desenvolvimento ou mito do progresso no eixo Ilhéus-Itabuna”.

Emílio se valeu da experiência no Blog do Gusmão, veículo do qual é criador e editor, para analisar o trabalho dos colegas que entrevistou na pesquisa. Todos com atuação destacada no sul da Bahia, os seis profissionais da imprensa não foram identificados. Seus depoimentos, no entanto, contribuíram de modo essencial para as reflexões do autor a respeito da influência do mito do progresso na cobertura jornalística sobre o projeto Porto Sul, as expectativas para a economia regional e o meio ambiente.

O estudo também analisa o comportamento da imprensa em relação a outros projetos de desenvolvimento econômico que foram anunciados para o sul da Bahia e nunca saíram do papel, como a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e a ampliação do Porto do Malhado, em Ilhéus, e o Prodetur (Projeto de Desenvolvimento do Turismo).

Os professores da banca examinadora aprovaram o trabalho. Jorge Chiapetti, professor doutor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC, Suzana Pádua, professora doutora do Instituto de Pesquisas Ecológicas e Claudio Padua, criador, reitor e professor doutor do IPÊ, falaram sobre a importância da pesquisa.

Suzana destacou a análise do comportamento dos meios de comunicação. “Nós descobrimos como a mídia pode contribuir com questões sérias, profundas, de países, de cada estado e de cada região. Se a mídia não assume sua responsabilidade, a gente pode ser levado para caminhos perigosos, para um futuro insustentável. A sustentabilidade deveria pautar todas as decisões. E a mídia tem um papel fundamental porque é formadora de opinião. O trabalho mostra como a mídia, em casos específicos como o Porto Sul, interfere na opinião pública defendendo um projeto que pode causar muitos mais danos sociais e ambientais do que aquele em que as pessoas passam a acreditar: a ilusão de um progresso que na verdade não existe”.

De acordo com Chiapetti, o estudo “é de fundamental importância, porque esclarece certos comportamentos e atitudes que a mídia constrói diante da sociedade. É um trabalho que deve ser lido, discutido e estudado”.

Claudio apresentou uma visão geral da dissertação. Para o professor, o estudo “vai muito além do mundo acadêmico, como era de se desejar”. Lança um “olhar super interessante sobre o mito do desenvolvimento e faz uma análise crítica (no sentido construtivo da palavra) de como esse mito atrapalha o trabalho da imprensa. Ao mesmo tempo, pelo lado positivo, ele retira ensinamentos para os jovens jornalistas que quererem trabalhar com o tema”. O professor se refere às sessenta e quatro dicas que Emílio reuniu para ajudar estudantes de comunicação e profissionais a não ceder aos encantos do mito do progresso.

Thiago Dias

5/3/2016.