Andamos assistindo no Brasil, desde a liberação da vacinação para combater a atual pandemia, atropelos, furadas de filas, alguma inquietação quanto à disponibilidade da segunda dose em tempo hábil e  inacreditáveis cenas, como a de uma ‘profissional da saúde’ em Alagoas que passou um algodão no braço de uma idosa, pôs o dedo no êmbolo da seringa e não o apertou para, em seguida, assear novamente o local da suposta picada. Não dá pra escapar do infame trocadilho; é o fim da picada tudo isso.

Dentre inúmeras comunidades formadoras da sociedade, uma anda sempre meio esquecida e não apenas em tempos de pandemia. Os albinos, cuja condição genética apresenta uma mutação que prejudica ou mesmo impede a produção de melanina que dá cor à pele, aos pelos/cabelos e olhos, costumam frequentar uma certa marginalidade e, porque não, preconceito quanto à visibilidade e peculiaridade em relação as suas demandas para garantir a saúde e dignidade.

Não se sabe quantas são as pessoas nessas condições (os números variam pelas fontes e o IBGE não inclui essa medição nos questionários) mas a  pandemia, na opinião dos dirigentes da Associação das Pessoas com Albinismo na Bahia, impactou os albinos com redução nos atendimentos de saúde, e não só pelo fato das instituições terem de priorizar os pacientes de covid-19; as pessoas com albinismo sentiram a necessidade de se isolarem ainda mais como prevenção contra o vírus.

Segundo a Organização das Nações Unidas, embora não existam dados completos, a prevalência do albinismo é maior entre as populações indígenas e afrodescendentes – incluindo comunidades quilombolas. O PNI já inclui esses na vacinação, no entanto, parece que os albinos de fora destes nichos estão ou foram negligenciados pelas autoridades.

Ciro Zatele, um dos grandes profissionais da imprensa ilheense, sempre correto, ético e batalhador. Já passou por várias emissoras de rádios da região e, hoje trabalha como locutor numa rede de supermercados e hipermercados do grupo chileno Cencosud. “Como albino, sofremos vários preconceitos, assim como os negros também. Nunca me abati, nunca prego o vitimismo e toco minha vida normalmente”, disse ao jornaldoradialista.com.br

ILHÉUS, 

Conversando com o radialista ilheense Ciro Zatele, portador de albinismo, ele não concorda com a inclusão do coletivo na lista de prioridades do programa de vacinação, necessariamente, tendo inclusive uma opinião oposta à Associação Bahiana de Albinismo. “Não vejo o albinismo como deficiencia. E, mais, penso que tem mais categorias de pessoas aí com muito mais prioridade. O policial militar, o profissional de emfermagem e tantos outros profissionais. Mesmo sendo albino, trabalho e vivo normalmente e, tenho uma posição definida quanto a esse assunto.  Não coaduno com movimentos separatistas e de divisões, precisamos viver um mundo de inclusões. Ciro Zatele já foi convidado para ser presidente da associação das pessoas de Albinismo do Município de Ilhéus, e disse, NÃO!

E, qual a posição da Sesau/Ilhéus?