O vereador e vice-presidente da Câmara de Ilhéus, Luiz Carlos Escuta (PP), protocolou projeto de lei nº 060/2019, que institui a obrigatoriedade do município de Ilhéus viabilizar a construção de forno crematório. O PL encontra-se na Comissão de Justiça para parecer jurídico e, posterior votação.

Pelo projeto fica obrigado o município de Ilhéus instalar forno crematório através de iniciativa própria ou através de convênio com Serviços Funerários; A instalação do crematório obedecerá às normas ambientais necessárias através dos órgãos de defesa do meio ambiente em nível municipal, estadual e federal; O forno crematório servirá em nível regional, desde que as prefeituras interessadas estabeleçam convênio, para arcar com as despesas oriundas da manutenção do crematório. O forno crematório e incineradores deverão atender as normas técnicas reconhecidas nacionalmente, ter espaço para velórios e depósitos das cinzas dos cadáveres, câmaras frigoríficas, bem como existir uma área verde ao seu redor.

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Muito se tem discutido sobre a melhor e mais correta ou eficiente maneira de destinação de cadáveres, sem que a decomposição destes venha a causar a contaminação do solo e das águas, fato comum em processos mal operados ou mal concebidos.

Apontar uma melhor alternativa é uma tarefa complicada, visto que, muitas vezes, essa destinação está baseada em princípios étnicos e culturais de uma sociedade, extremamente difíceis de serem modificados ou alterados em curto e médio prazo.

A cremação vem sendo difundida como uma alternativa bastante viável tanto em termos econômicos como ambientais, proporcionando uma economia na utilização de áreas e causando menos impactos que a destinação comum em cemitérios.

Em vários países da Europa, os crematórios são instalados nas áreas mais densamente povoadas e tem, cada vez mais, aumentado o número de cremações. Nos Estados Unidos, de acordo com uma amostragem apresentada pela Associação de Cremação da América, próximo à segunda metade do século XX, já havia mais de 230 crematórios em operação, de um extremo a outro daquele país.

Portanto, aos poucos, o cemitério deixa de ser o único destino dos mortos no Brasil. Até meados dos anos 90, o país contava com um único crematório — o Crematório da Vila Alpina, em São Paulo. Hoje, já se contam 32, em todas as regiões. Outros 12 crematórios deverão ficar prontos nos próximos meses somente em São Paulo.

Cinzas

A cremação é uma versão acelerada da decomposição natural. O procedimento se faz em imensos e potentes fornos a gás. A temperatura excede os 1.000 graus Celsius. O calor reduz o corpo a pó em apenas duas horas — em vez de anos, como ocorre com o cadáver enterrado na terra.

Dentro do caixão, o corpo é introduzido na câmara quente. O que resta do processo não são propriamente cinzas. Trata-se de algo que mais se assemelha a grãos grossos de areia. Ossos mais resistentes, como a rótula (o osso do joelho), saem quase inteiros do forno, ligeiramente quebradiços, e precisam ser triturados. A família recebe uma urna com algo em torno de 1,5 quilos de “cinzas”.

Há uma série de razões para que os brasileiros aos poucos optem pela cremação, e não pelo tradicional enterro no cemitério. Uma delas é de ordem financeira. A cremação custa a partir de R$ 300. Pode chegar a R$ 12 mil, a depender da qualidade do caixão e da urna. A maior parte dos crematórios do país é privada.

Na cidade de São Paulo, onde o serviço é administrado pela prefeitura, o procedimento é gratuito para as famílias mais pobres. O sepultamento exige desembolsos consideráveis. Primeiro, as famílias precisam comprar um jazigo. Em cemitérios particulares de São Paulo, um túmulo chega a custar R$ 30 mil. Depois, as famílias têm de pagar taxas anuais ao cemitério e cuidar da manutenção do jazigo.

Questões religiosas também ajudam a explicar o crescimento das cremações. Até 50 anos atrás, a Igreja Católica — predominante no Brasil — não dava autorização para a cremação. A situação mudou no início dos anos 60, quando o Concílio Vaticano II anunciou que os fiéis não precisariam mais seguir à risca a oração conhecida como Credo, que diz “creio (…) na ressurreição da carne”. Para os católicos contemporâneos, o que ressuscita é a alma, e não o corpo.

Entre as principais religiões, o islamismo e o judaísmo não permitem a cremação. O espiritismo apenas pede que se aguardem de dois a três dias — há espíritos que precisam desse tempo para desencarnar. No hinduísmo e no budismo, predominantes em boa parte da Ásia, a cremação é um ritual obrigatório para que a alma se liberte do corpo.

Luto fechado

A dispersão de cinzas não oferece o risco de contaminar o lençol freático, como ocorre com o sepultamento de cadáveres. Na cremação, os gases são tratados de modo a não poluir o ar.

Outro aspecto que conta a favor da cremação é o fato de não ocupar novos terrenos — em muitas cidades, a exemplo de Ilhéus, já há cemitérios lotados.

A disseminação dos crematórios é mais um passo numa mudança de comportamento social iniciada décadas atrás. Antes algo público, a morte hoje é cada vez mais privada, quase imperceptível para quem vê de fora. Já não se morre em casa, rodeado de familiares e amigos, mas sim no isolamento do hospital.

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ESCUTA, vereador diferenciado.