Hoje (25), se comemora o Dia da Indústria, um setor que há décadas vem desempenhando grande importância para o crescimento e desenvolvimento da sociedade moderna, não só em relação à produção, mas também em geração de empregos, oportunidades, acesso à saúde e qualidade de vida para os cidadãos. No Brasil, a indústria é  responsável pela geração de mais de 9,3 milhões de postos de trabalho ou 20,3% de todos os empregos formais do país, conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na Bahia, não é diferente. Segundo estimativas com base no com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a indústria baiana empregou 431.242 trabalhadores em 2022.

Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) desde 2014, Ricardo Alban, explica que a indústria da Bahia é bastante relevante no cenário nacional não só pelo número de empregos que ela gera, mas também pela matriz diversificada e completa na qual há processamento de produtos de alta tecnologia.  A FIEB, vale ressaltar, completa nesse mesmo Dia da Indústria, 75 anos de existência com capilaridade de atuação, foco e visão no futuro e no desenvolvimento econômico e social da Bahia e do Brasil.

“A Bahia ocupa a 7ª posição na indústria de transformação do Brasil e é a maior da Região Nordeste. Nosso estado possui uma matriz industrial diversificada e complexa, na qual há processamento de produtos de alta tecnologia, como os do Polo Petroquímico, da refinaria de Mataripe, Alimentos, Celulose, Transformação Plástica e Borracha, Bebidas, dentre outros”, diz.

Apesar de sua importância, a expectativa para 2023 não é tão positiva para a Bahia, que acompanha o Brasil em questão de crescimento. Segundo o presidente da FIEB, seu desempenho vai depender de diversos fatores, entre eles, do governo federal conseguir construir um ambiente favorável, uma vez que o país perdeu o ritmo desde ano passado.

Segundo Alban, em termos setoriais, as perspectivas são de que o setor da Construção Civil, após ter vivido bom momento em 2022, deve desacelerar o crescimento em 2023 por conta dos juros altos.  Apesar disso, ele estima que há investimentos promissores para a indústria da Bahia nos segmentos de eólica/solar, mineração, automotivo e na produção de hidrogênio verde.

“Na Indústria de Transformação, destaca-se o Refino no qual a Acelen tem programas ambiciosos para a refinaria de Mataripe e esse segmento deve continuar em alta. A Petroquímica deve ter estabilidade na produção, uma vez que não há fato significativo no cenário interno e os preços internacionais estão estáveis nos últimos meses. Um ponto de atenção é a questão do preço do gás natural. Considerando o horizonte de médio prazo, há investimentos promissores para a indústria da Bahia nos segmentos de eólica/solar, mineração, automotivo e na produção de hidrogênio verde”, diz.

O Dia da Indústria é uma homenagem a Roberto Simonsen, empresário e industrial brasileiro que faleceu nessa mesma em 25 de maio de 1948 e que contribuiu significativamente para o avanço da indústria nacional. Naquela época, ainda não se falava de diesel verde e combustíveis baseados em biomassa.

Hoje, são assuntos que apontam para onde o setor industrial no estado pode crescer, além da mineração: segundo apuração do IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), a Bahia registra o maior montante do país de investimentos em andamento e previstos em mineração para o período 2020 a 2024: em torno de US$ 13 bilhões, o que equivale a 35% do total do Brasil.

Ainda de acordo com o presidente da Fieb, Ricardo Alban, alguns projetos, como a produção de diesel verde e combustíveis baseados em biomassa, tanto pela Acelen como por uma parceria entre a Shell e o Senai Cimatec, apontam num sentido favorável, em linha com a tendência internacional de combate às mudanças climáticas.

“Em que rumaríamos em direção a uma indústria de baixo carbono. Também nesse caminho, a Bahia possui um elevado potencial de energia limpa e renovável, notadamente de origem eólica e solar. Outros investimentos que devem ocorrer estão na mineração”, diz.

Desafios – Há também dificuldades a serem superadas, acrescenta Alban. “Os principais desafios para as empresas industriais são de ordem estrutural: falta de infraestrutura adequada e com custos competitivos; oferta de mão de obra qualificada; elevado custo do capital; insegurança jurídica e excesso de burocracia, que causam danos enormes ao ambiente de negócios no Brasil”, diz.

Falta de ferrovia competitiva é entrave para crescimento

A indústria da Bahia, embora relevante no cenário nacional, ocupando o 7º lugar na indústria de transformação no Brasil, ainda está inserida num “panorama nacional de fraquezas competitivas e sofre ainda mais pela distância em relação aos mercados mais relevantes do país (Sul e Sudeste) e pelo grau de deficiência na infraestrutura do estado, sobretudo nos campos da logística e energia”.

A inexistência de uma ferrovia competitiva, por exemplo, é um dos entraves para esse crescimento.  “Não temos ainda uma ferrovia competitiva, uma vez que a Ferrovia Centro Atlântica, cuja concessão deve ser devolvida no trecho baiano, apresenta-se extremamente precária. A Ferrovia Oeste Leste, para que se integre à FICO e seja um corredor de transporte relevante, ainda precisa avançar muito”, acrescenta Ricardo Alban.

Pós-pandemia e a chegada da Inteligência artificial: aprendizado e visão de futuro

A pandemia não trouxe bons resultados para nenhuma área no mundo, seja ela econômica ou industrial. Mas, muitos aprendizados podem ser elencados, entre eles o de que o brasil não pode depender do fornecimento externo em áreas como saúde, higiene e fertilizantes.

No âmbito da indústria, a pandemia gerou a redução na oferta e encarecimento de insumos produtivos. É o que explica o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Alban.

“As dificuldades vividas na pandemia nos mostram que é quase impossível alcançar níveis elevados de desenvolvimento econômico e social sem uma indústria forte que reduza nossa dependência por bens importados. Um país do tamanho do Brasil não pode depender tanto do fornecimento externo em coisas como medicamentos, equipamentos médicos, produtos de higiene, fertilizantes e tantas demandas que a indústria nacional poderia atender” afirma.

Como já dito pelo presidente, investimentos relevantes são esperados, apontando uma paulatina evolução da indústria baiana nos segmentos de eólica/solar, mineração, automotivo e na produção do hidrogênio verde. Além disso, há ainda a péserpectiva de atrair a BYD, tanto na produção de baterias como de veículos elétricos e certamente outros investimentos chegarão em 2024.

No entanto, há um tema que tem dominado todos os debates de diversas áreas de produção: a inteligência artificial, que propõe uma capacidade avançada dede elaboração “em tarefas que antes eram exclusivamente humanas”. A inteligência artificial chega para deixar o mundo atônito, como frisa a Fieb. “Na indústria, a automação já faz parte da realidade nas atividades produtivas e administrativas, mas os avanços ocorrem a passos largos e, nesta corrida, é preciso estar atento a todos os detalhes”.

Questionado como a FIEB pensa no tema, Alban é enfático: “Como entidade representativa do setor aqui no estado, há 75 anos, a FIEB se empenha para manter a indústria baiana alinhada às transformações do setor produtivo e da sociedade. Desta forma, colocamos à disposição das indústrias, incluindo as de pequeno e médio portes, diversos serviços para estimular a adoção das novas tecnologias e avanços no processo produtivo, estimulando a implementação da indústria 4.0, começando pela transformação digital dos processos e produtos”, afirma.

Um dos braços do sistema da indústria para o desenvolvimento de novas tecnologias e pesquisas, o SENAI Cimatec, tem papel estratégico neste contexto. “Atualmente, o Cimatec Park concentra pesquisas avançadas em parceria com empresas e grandes centros internacionais de tecnologia no desenvolvimento de novos produtos, incluindo o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil, unidade estratégica da engenharia global da montadora. Mais recentemente, o recém-lançado Cimatec Sertão chega para levar ao semiárido baiano um núcleo de pesquisa para produção de biocombustível a partir do agave, em Conceição do Coité”, revela.

75 anos de compromisso com desenvolvimento econômico, social e com a inovação

75 anos de existência completados no dia 25 de maio: ao longo desses anos, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) demonstrou não só sua capacidade de inovar, de produzir e de atuar positivamente no desenvolvimento econômico e social do estado, como também de acompanhar os avanços tecnológicos do mundo.

A Federação vem registrando a ampliação da sua área de influência com um amplo projeto de interiorização e um foco especial nas pequenas empresas industriais. Um de seus marcos, que é consenso, é a presença da FIEB  em todas as principais regiões do estado, atuação  impulsionada com a implantação das unidades integradas no interior, iniciada em 2014, quando Ricardo Alban assume a presidência.

Em 1948, quando a FIEB foi fundada,  a indústria da época era concentrada nos segmentos de fiação e tecelagem, fumo e alimentos. Ao longo destas sete décadas e meia, a Federação  se empenhou em manter a indústria baiana alinhada às transformações do setor produtivo e da sociedade.

O Sistema indústria na Bahia é formado pelo Serviço Social da Indústria (SESI), também criado em 1948 e que também está comemorando 75 anos; o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que foi criado em 1945; o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e o Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB). A FIEB, ao lado dessas entidades, tem cumprido com primor seu papel de indutor de novas tendências ao estimular a busca pela inovação.

Alguns marcos demonstram esse empenho da indústria baiana em galgar novos passos, como por exemplo, no surgimento de uma indústria mais arrojada, com a implantação do Polo de Camaçari, nos anos 1970.

Nos anos 1990: com a vinda de gigantes da indústria de mineração, como a Caraíba Metais. Em 2000: com a Ford, que trouxe uma nova vocação para o parque industrial baiano; e nos anos 2020: com foco nas tecnologias verdes em que os desafios passam pela inovação e desenvolvimento de novas fontes de energia, como o hidrogênio verde.

Investimentos – Ampliação dos serviços em Juazeiro, a expansão da atuação em municípios estratégicos das regiões do extremo-sul, centro sul e norte baianos, a exemplo de Guanambi, Teixeira de Freitas e mais recentemente, Conceição do Coité, que acolheu uma unidade do SENAI Cimatec Sertão, são alguns dos exemplos dos investimentos mais recentes.

 

TB