O Instituto Vital Brazil (IVB), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, está desenvolvendo um medicamento inédito contra veneno de abelhas, em parceria com o Centro de Estudos e Venenos de Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (Cevap/Unesp), cuja tecnologia de produção e o próprio soro poderão ser exportados para outras nações. Países asiáticos já têm manifestado interesse nesse sentido, disse sábado (1º) o médico veterinário Luís Eduardo Cunha, assessor da diretoria científica do IVB e doutorando em medicina tropical pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Há um ano, o soro antiapílico vem sendo testado em dez pacientes que tiveram múltiplas picadas de abelha. Os resultados foram muito bons, disse Cunha. “Nesta fase de testes, a gente vê segurança. Nesses dez pacientes em que foi aplicado o soro, correu tudo bem, na medida do esperado.”
No mês de julho, o Instituto solicita à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a extensão, por mais um ano, da atual fase de testes, chamados estudos clínicos, com o objetivo de testar o soro em mais 10 pacientes, antes que o medicamento seja registrado e possa ser disponibilizado para todo o país.
“Até julho do ano que vem, a gente tem que totalizar 20 pacientes, que é o número que estabelecemos para esse estudo. Como a gente não pode inocular o veneno nas pessoas e depois o soro para testar, e tem que esperar acontecer os casos, isso dificulta um pouco o processo. A gente necessita que os casos aconteçam naturalmente e que sejam perto de onde a gente tem soro”, indicou o assessor da diretoria científica do IVB.
Registro
As duas unidades de pesquisa clínica credenciadas e autorizadas pela Anvisa para fazer esse teste estão nas cidades de Botucatu (SP) e Tubarão (SC). Em julho de 2018, alcançando o total de até 20 pacientes, o IVB fechará o relatório de segurança, que será enviado à Anvisa, para que possa liberar o registro. O Instituto passará então a produzir o medicamento para fornecer ao Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde, que vai disponibilizar para o Brasil inteiro. A expectativa é que o medicamento possa ser liberado para consumo no segundo semestre de 2019.
Para participar dos estudos clínicos, as pessoas têm que ter entre 18 e 60 anos, não estar grávidas, no caso de mulheres, e ter sofrido acima de cinco picadas de abelha. “O paciente tem que concordar em participar do estudo. É uma participação voluntária. Mesmo ele acidentado ou tendo algum risco de envenenamento, ele tem que optar ou, caso ele esteja inconsciente, um parente junto com o médico pode autorizar o uso do soro. Mas a gente prefere que ele mesmo autorize”, destacou Luís Eduardo Cunha.
O tratamento consiste na utilização de duas a dez ampolas de soro, dependendo da carga de veneno que as pessoas acidentadas receberam. Duas ampolas são suficientes para combater 200 picadas de abelha.
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