APRESENTAÇÃO:
O empresário e cacauicultor Paulo Cezar SanJuan Ganem, chega aos 56 anos com uma vasta experiência acumulada ao longo da vida pessoal e profissional. Filho do ilheense João Ganem e da espanhola Maria Pilar SanJuan Ganem, Paulo nasceu em Buerarema e por lá também deixou marcas importantes. Ganem é casado com a também empresária katiana Ganem com quem tem um casal de filhos: Ana Paula Ganem, designer de interiores e João Lucas Ganem, estudante de engenharia civil.
Fundou a Câmara de Dirigentes Lojistas de Buerarema, foi fundador e presidente local de dois partidos políticos: PSB e PSDB. Há 30 anos inaugurou a loja Móveis São Jorge, empresa referência no segmento em Ilhéus. É também sócio-proprietário da Todeschini, loja exclusiva da rede de móveis planejados no Sul da Bahia. Fez curso técnico em Alimentos na antiga EMARC, hoje IFbaiano. Na faculdade, enveredou pelos caminhos do Direito, mas não concluiu o curso devido à dedicação às empresas. Especializou-se em Gestão de Négocios pelo IDE – Instituto de Desenvolvimento Empresarial. Em 2007, assumiu a Secretaria de Indústria e Comércio do município, cargo em que permaneceu por sete meses. Em 2003 recebeu o título de Cidadão Ilheense na Câmara de Vereadores. É membro do Rotary Clube de Ilhéus, da diretoria do Sindicato do Comércio Varejista de Ilhéus e das Associações Comerciais de Itabuna e de Ilhéus, diretor distrital do conselho fiscal da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Bahia e assumiu no Prêmio Mérito Lojista, a presidência da CDL de Ilhéus. Cargo que ocupa pela quarta vez. E é com grande otimismo e espírito de liderança que ele enfrenta mais uma vez o desafio – segundo ele – prazeroso.
ENTREVISTA
1- Primeiro ano do seu 4º mandato como presidente da CDL de Ilhéus. Considera que Ilhéus seguiu a tendência nacional no que se refere às dificuldades no comércio, por conta da crise econômica?
PG: Sim, considero. Os efeitos da política macroeconômica atingiram todos os municípios brasileiros com consequências seríssimas como a redução das atividades empresariais, demissões em todos os setores que regulam a economia e com isso a diminuição do poder de compra do consumidor. Em Ilhéus, o comércio é o setor que mais gera empregos na cidade e o impacto foi negativo também. Percebemos ainda uma queda nos investimentos imobiliários, na construção civil e também no turismo. Vieram pra Ilhéus veranistas de cidades vizinhas, ou seja, o nosso tão sonhado “Turismo” além de sazonal, passou a declinar. Sem contar que os visitantes chegam e não encontram uma cidade cuidada, limpa e organizada, apesar dos esforços da iniciativa privada neste sentido.
2- As tradicionais campanhas da CDL com toda esta crise tiveram êxito em 2015?
PG: Sim. Focamos nossos esforços na Campanha Natalina para que pudéssemos ter uma boa premiação para os consumidores. Podemos dizer que atingimos o objetivo criando um clima propício ao consumo, realizamos sorteio de 3 motos, 1 carro zero km além de prêmios menores, colocamos som ao vivo no stand e conseguimos dar um ânimo novo no comércio. O comércio de Ilhéus tem uma variedade enorme de produtos e serviços de qualidade e vem se qualificando para melhor atender os consumidores. A CDL é uma das grandes incentivadoras, juntamente com as outras entidades ligadas ao comércio, da profissionalização do setor. Antes de iniciarmos nossas campanhas sempre promovemos palestras motivacionais e capacitações, numa parceria com o SEBRAE, porque acreditamos no potencial dos comerciantes e comerciários e sabemos que o conhecimento e a motivação são caminhos para o sucesso.
3- Com toda esta dificuldade que assolou e ainda assola os municípios do país, como a CDL de Ilhéus conseguiu unir os comerciantes?
PG: Focamos todas as atividades em prol da nossa classe e, independente do lojista ser ou não associado da CDL ou de dar ou não sua parcela de contribuição, todos acabam sendo beneficiados. É mais ou menos como dizia o economista Roberto Campos “Poucos pagam para construir um farol, mas todos que estão navegando em alto mar guiam-se pelas suas luzes”, então este é o nosso pensamento. Graças a Deus temos uma diretoria muito atuante, que se reúne e trabalha voluntariamente buscando soluções frente às adversidades que nos são impostas. Buscamos trabalhar nesse espírito de união e a cada dia conquistamos novos companheiros que acreditam no nosso trabalho e passam a somar.
4- O comércio lutou para tentar negociar junto ao Poder Executivo a redução no valor das taxas municipais. Toda aquela movimentação teve saldo positivo?
PG: O fato de estarmos mais unidos inequivocamente é o grande saldo desta luta. Mostramos que temos a consciência dos nossos direitos e das leis que nos protegem. Temos um gestor municipal que preferiu não negociar, desconhecendo que a Lei Geral da micro e pequena empresa prescreve aos comerciantes um tratamento favorecido e diferenciado. No código da cidade de Feira de Santana as taxas além de serem menores que as de Ilhéus, a prefeitura concede uma redução de 50% a este segmento. Historicamente não fomos educados a lutar pelos nossos direitos. Sempre fomos estimulados a ceder às pressões dos governos e por isso temos uma das mais altas cargas tributárias do mundo. A resposta oficial do Palácio Paranaguá não foi técnica, apenas uma justificativa fora de contexto do valor real da contraprestação de serviço que, diga-se de passagem, existe somente na abertura das empresas e que é negligenciada no momento das renovações. Lamentável.
5- As CDL’s de Ilhéus, Itabuna, Ubaitaba e outras tantas da Bahia foram à Assembleia Legislativa em Salvador dizer “NÃO” a tentativa de aumento de 17% para 21% na alíquota básica do ICMS. Qual o resultado desta mobilização?
PG: A PL 21621 em votação tratava do aumento do ICMS de 17% para 21% e de 5% nos produtos que tem as alíquotas acima desse valor como refrigerantes, cosméticos, combustíveis e outros. Participo de um grupo de empresários do sul da Bahia muito atuante e por meio dele e do presidente da FCDL/BA, Antoine Tawil, conseguimos levar uma caravana de empresários para protestar na assembleia. Negociamos valores e conseguimos que o aumento ficasse em 18% para quase todos os produtos. O governo estadual tem maioria absoluta na assembleia, mas os deputados e governador reconheceram o valor do comércio para o Estado e, de forma diferente do nosso governo municipal, aceitaram negociar demonstrando respeito por todas as entidades comerciais ali representadas, como ACI, SICOMERCIO, APMMI, ABIH, SINDAB, CDLs e outras.
6- Qual a relação hoje da CDL de Ilhéus com o Palácio Paranaguá?
PG: A CDL participou junto com outras entidades de classe do município de um protesto em resposta à atitude do governo municipal que nenhuma contraposta nos apresentou com relação ao pleito da classe empresarial sobre as taxas municipais e com isso o gestor municipal declarou o rompimento do diálogo. Depois, a prefeitura negou o direito da CDL usar o sistema de sonorização no comércio durante o período natalino, contrariando uma lei municipal que nos permite isso. Além disso, só nos foi dada a autorização de montar o stand da Campanha de Natal na praça J.J. Seabra, ao lado do Palácio Paranaguá, onde fica seu comando, quando na verdade gostaríamos de colocar na Praça Cairú onde a visibilidade é maior. Dando continuidade ao não reconhecimento da força do comércio, o governo recentemente suspendeu o credenciamento do SUPER SIMPLES NACIONAL, sem notificar as empresas, descumprindo a legislação em vigor. Em vez de neste momento de crise, dinamizar a economia do município, pratica uma política sem visão empreendedora, desrespeitando e desmerecendo a iniciativa do SEBRAE e entidades empresariais que com muito esforço, conseguiram estabelecer a LEI GERAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Usa o poder não para contribuir, mas para perseguir, coibir e ameaçar o trabalho espontâneo e saudável das entidades comerciais e dos que as presidem.
7- O Senhor presidiu a CDL de 2002 a 2007. As dificuldades neste período atual se assemelham às do passado?
PG: Dificuldades sempre teremos e encaramos como desafios. Mas posso dizer que a maior delas é o individualismo de alguns que não entendem a necessidade de um envolvimento maior com a entidade. Falta a conscientização da força que temos quando estamos associados. No município vizinho de Itabuna esta conscientização é forte. Sou empresário lá e vejo que, ao contrário do que acontece em Ilhéus, os empresários fazem questão de se associar e participar de tudo. Além disso, todos os prefeitos colaboram com as entidades e respeitam os direitos democráticos e individuais dos dirigentes lojistas, estimulam o comércio e as lideranças, ou seja, têm uma visão cosmopolita. Em Ilhéus o poder público executa uma visão provinciana sobre as entidades desestimulando qualquer corporativismo, retaliando qualquer sonho coletivo que contrarie uma visão com raízes presas a um passado ditatorial.
8- O Senhor é considerado uma liderança forte do comércio de Ilhéus, tendo em vista que consegue aglutinar empresários em prol de uma causa. É verdade que o senhor foi convidado a ser candidato a prefeito de Ilhéus?
PG: Sim, é verdade. O Diretório Estadual do PSDB, o maior partido de oposição do Brasil, me fez o convite para presidir o partido e aceitei por viver numa democracia me sinto livre para colaborar com os destinos políticos do município do qual honradamente recebi o Título de Cidadão Ilheense. É aqui onde resido com a minha família, tenho lojas e sempre me coloquei à disposição pra lutar por uma cidade melhor, independente de ocupar ou não cargo político. Mesmo já contando com o incentivo de amigos, lideranças e da direção do PSDB, a candidatura ainda é algo que vou pensar e avaliar melhor se devo concorrer a um cargo de tamanha magnitude neste momento.
9- Metas da CDL de Ilhéus pra 2016.
PG: Estamos discutindo com a diretoria o que poderemos realizar diante do quadro recessivo que se apresenta para o ano de 2016. Nossa intenção é iniciar a construção da nova sede social, já temos doações de companheiros empresários para iniciarmos, e estamos na fase final da elaboração do projeto arquitetônico. Além deste sonho da nossa diretoria, pretendemos realizar o prêmio Mérito Lojista, o Feijão Companheiro, as campanhas promocionais dos dias das mães, namorados e São João, a Liquida Bahia, e os jantares em comemoração aos dias das mães e dos pais com os associados, além é claro da campanha Natalina, considerada a mais importante para o comércio.
Pretendemos ainda realizar vários cursos e palestras para o aprimoramento de comerciantes e comerciários no atendimento ao público, dando a eles novas ferramentas de gestão para que possamos superar estes momentos de turbulência ocasionados pela macroeconomia. Paralelo a tudo isso, nossa meta sempre é aumentar o quadro de associados da nossa entidade, despertar o espírito associativista e assim fortalecer ainda mais a nossa CDL.
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10 – Qual a mensagem de ano novo que gostaria de deixar, sobretudo para os empresários?
PG: As micro e pequenas empresas são responsáveis por quase 70% do PIB e da empregabilidade no município de Ilhéus. Precisamos conhecer os nossos direitos, estar unidos, nos filiarmos às entidades empresariais, comparecer às reuniões, criticar, opinar, sugerir, porque juntos somos mais fortes e conseguiremos avançar nas questões que são de interesse da classe. Eu costumo dizer que o comércio somos todos nós e a participação de cada um é fundamental pra fazer as entidades caminharem. Ser empresário neste país é um exercício de superação diária sempre. São doze meses de incertezas, de leis perversas, juros exorbitantes, entraves burocráticos, além de cargas tributárias altíssimas, em que pesquisas mostram que trabalha-se cinco meses no ano só pra pagar impostos ao governo. Mas estamos na luta e com pensamento positivo. Desejo a todos os comerciantes em 2016 a superação das dificuldades, sucesso compartilhado e muita saúde e paz em busca de um futuro sempre promissor para a família e para a nossa Ilhéus.
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