Presidente do PP na Bahia, o vice-governador João Leão voltou a sinalizar que é remota a chance de deixar o grupo do governador Rui Costa e do senador Jaques Wagner, ambos do PT, a fim de migrar para a base do ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM). Na semana passada, Rui anunciou mudanças no governo e abriu mais espaço para os progressistas, com a nomeação do deputado estadual Nelson Leal para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Ontem, Leão reafirmou a tendência de permanência no grupo petista.  “Só (saímos) se eles disseram que não nos querem, porque nós temos demonstrado ao governador Rui Costa, ao senador Jaques Wagner, ao senador Otto Alencar, ao senador Ângelo Coronel, aos presidentes de todos os partidos aliados que nós queremos ficar juntos. Nós não vamos sofrer imposição na Bahia. O nosso grupo é esse que nós estamos lutando, nós estamos transformando a Bahia. E a Bahia precisa continuar crescendo para ser a locomotiva do Brasil. Hoje, a locomotiva é São Paulo, daqui a 10 anos, poderá muito bem ser o estado da Bahia”, declarou o vice-governador e secretário do Planejamento.

Antes, Leão já tinha descartado a hipótese de seu filho, o deputado federal Cacá Leão (PP), ser candidato ao Senado na virtual chapa de ACM Neto. “Isso não existe. ACM Neto está querendo qualquer um, como quer o filho de Otto (Alencar), como quer Otto (senador), como me quer. Está querendo todo mundo na chapa dele. Só não quer João Roma (ministro da Cidadania)”, afirmou o vice.  À Tribuna, Cacá Leão endossou o discurso do pai. “Quer que eu apanhe é? Vou desmentir meu pai nada. Ele me pega”, disse, rindo.

Também em entrevista ao jornal, o deputado federal Cláudio Cajado (PP) declarou que a tendência é o partido ficar na ala petista. “Hoje, o PP é base de apoio do governo. E eu acredito que a tendência é continuar. Pelo menos, a sinalização essa, (com Rui) fortalecendo o partido está fortalecendo obviamente o apoio para uma candidatura futura (de Wagner)”, disse. Nos bastidores, o comentário é de que o ex-prefeito ACM Neto ainda acreditaria na possibilidade de o PP mudar de lado. Aliados têm apostado em uma “insatisfação” dos progressistas com o governador Rui Costa.

Nos últimos meses, o grupo democrata fez gestos para se aproximar dos progressistas. Tentaram endossar candidatura do deputado estadual Niltinho (PP) para a presidência da Assembleia Legislativa, mas o apoio náufrago após Adolfo Menezes (PSD) conseguir maioria na Casa e se eleger. Depois, apoiaram o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), na disputa pela União dos Municípios da Bahia (UPB). Publicamente, Neto tem dito, entretanto, que a prioridade é manter os partidos que o apoiam unidos para a disputa pelo Palácio de Ondina no próximo ano.