Uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Civil no âmbito da Operação Alba Branca, que investiga o superfaturamento e pagamento de propina em contratos de fornecimento de merenda para escolas paulistas, indica que representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) atuaram também no Ministério de Desenvolvimento Agrário para abafar denúncias contra a entidade feitas à Pasta.

O MDA reconhece que recebeu no dia 22 de dezembro de 2014 uma denúncia do Fundo Nacional de Educação (FNDE), responsável por operar o Programa Nacional de Alimentação Escolar, sobre irregularidades na condução da cooperativa. Cinco meses depois, em maio, o ministério do governo Dilma Rousseff respondeu a demanda e afirmou “não ter sido possível confirmar a presença de irregularidades na condução da Cooperativa” e alegou que seria preciso fazer uma perícia contábil na entidade.

Em um diálogo gravado no dia 2 de outubro de 2015, o vendedor da Coaf César Bertholini disse ao lobista Marcel Ferreira Júlio que um ‘subdelegado’ do MDA avisou sobre uma denúncia que havia sido feita e pediu que ele tomasse providências.Em seguida o lobista questiona se o MDA citado é o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Bertholini responde que sim. “Ministério do Desenvolvimento Agrário, entendeu?”.

O presidente da cooperativa afirmou que pagou propina para agentes públicos com o intuito de vender produtos a escolas paulistas. Entre os citados como supostos beneficiários do esquema estão o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB), e o secretário estadual de Transportes, Duarte Nogueira (PSDB). Ambos negam enfaticamente envolvimento com o esquema. Segundo a investigação, representantes da Coaf também teriam criado entidades fictícias para disputar licitações e direcionarem a escolha. Informações do jornal Estado de S. Paulo.