A substituição do trem do Subúrbio Ferroviário – que deixou de operar desde de 15 de fevereiro – pelo Veículo Leve de Transporte (VLT) será marcada pelo aumento no custo desse modal para os passageiros. Dos atuais R$ 0,50 pagos no percurso entre a Calçada e Paripe, valor vigente desde 2002, a passagem passará a custar R$ 3,90,  O aumento é de quase 8 vezes na comparação com o montante cobrado atualmente.
Morador do Subúrbio Ferroviário e líder comunitário, Eugênio Santos, 44 anos, diz que alguns passageiros que utilizam o trem do subúrbio não poderão pagar mais que R$ 0,50, o que torna o aumento excludente para a população de baixa renda.
Eugênio faz um contraponto ao analisar os impactos da integração do monotrilho: “a integração vai depender do caminho que a pessoa vai fazer. Para algumas pessoas deve melhorar, mas temos que ver onde vai ter estação para integração e analisar isso quando o VLT estiver funcionando. Até porque tivemos uma redução das linhas de ônibus aqui na região”.

O VLT vai manter a gratuidade para idosos e a meia passagem para estudantes já existente no trem do subúrbio, mas é impossível dar benefícios para toda a população que não pode arcar com a tarifa do transporte público, afirma o secretário Pelegrino. “A composição do público é sazonal, em grande maioria. São pessoas que vão na Calçada fazer compras, na Feira de São Joaquim. Por esse motivo, não temos como fazer uma tarifa por corte social, o universo para isso é maior”, explica.

A paralisação do trem vai permitir que a via seja isolada, seccionada, tapumada e se inicie a retirada da parte aérea de eletrificação da ferrovia. Depois, será iniciada a prova de carga da via, considerada etapa fundamental para que sejam fincadas as estacas, os pilares e por fim a via por onde irá circular o VLT. Os pilares do elevado serão construídos no atual traçado da ferrovia. Simultaneamente, também serão construídas as estações. Já os vagões são feitos na China e a previsão é de que o primeiro deles seja embarcado com destino à Bahia em abril.

Ao saber do fim do trem do subúrbio, os soteropolitanos que nunca andaram no modal estão se mobilizando para fazer um passeio por lá. Nas redes sociais, alguns usuários comentam a vontade de conhecer o local antes da obra. Um deles é o estudante Luís Felipe, 17 anos, que vai pedir para alguém o levar até a ferrovia.

Mudanças
O medo é a palavra que caracteriza as viagens no trem do Subúrbio, segundo relata Eugênio. O receio da falta de segurança, especialmente com o descarrilamento dos vagões, aumentou com o descumprimento de medidas de segurança sanitária durante a pandemia do coronavírus. “O trem é velho e traz insegurança. Isso deve melhorar [com o VLT]”, acredita.

Atualmente, se gasta 40 min de Paripe à Calçada. Com o VLT serão 42 minutos da Ilha de São João para o Acesso Norte. Pensando na Grande Pituba, atualmente, se gasta cerca de R$ 85 minutos no deslocamento partindo de Paripe. Esse tempo vai cair para 48 minutos com o novo modal e ainda saindo da Ilha de São João.

O trem do Subúrbio transporta, em média, 6 mil passageiros por dia. Com o monotrilho, será possível transportar 172 mil usuários diariamente. A ideia, segundo Pelegrino, é que o número de passageiros diários aumente com o decorrer do tempo.

O número de trens também vai ser maior, passando de quatro (com apenas dois ativos por vez) para 28 com o monotrilho. O VLT será movido à propulsão elétrica, sem emissão de poluentes.

A Fase 1 do VLT compreende 19,2 km, com 21 estações. e vai ligar o Comércio, na cidade baixa, até a Ilha de São João, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Na fase 2, que liga a região de São Joaquim até o Acesso Norte (integração com o metrô), estão previstas mais 5 estações. O Sistema de Trens do Subúrbio possui 10 estações.