A queda nas vendas e a deterioração na situação financeira de varejistas têm forçado shoppings a renegociar algumas das obrigações dos lojistas nos custos de ocupação de pontos de venda. O cenário se intensificou para além da negociação de descontos pontuais, com parcelamentos que miram evitar a inadimplência e até mesmo o aumento das taxas de vacância.

O diretor de expansão da varejista Hope, Sylvio Korytowski, relata que muitos shoppings aceitaram congelar o vencimento de parcelas das chamadas “luvas”, tarifas cobradas de novos locatários para garantir o “direito” de utilização de um determinado ponto em um shopping. As quantias, que variam de acordo com a demanda, normalmente são parceladas em 12 ou 24 meses, mas agora lojistas têm conseguido uma espécie de “perdão temporário”, passando algum tempo sem pagar e conseguindo mais meses para quitar os valores. O preço pode ser negociado entre um lojista que sai do local e um que está chegando, mas geralmente parte do montante é destinada ao operador do shopping.

“Às vezes, quando um shopping vai mal, tem empreendedor que oferece um aluguel quase zerado para o lojista porque, se o espaço fica vago, quem paga o custo de energia, segurança, limpeza e outras coisas do dia a dia é o shopping”, explica um executivo do setor, que preferiu não se identificar. “Nesse casos, não existe nenhuma possibilidade de o shopping cobrar luvas”, acrescenta.

O esforço dos shoppings é impedir que lojas importantes fechem em meio a alta de custos e venda fraca, mas a renegociação também ofusca eventuais riscos de um estouro de inadimplência. A CEO da GS&AGR Consultores, Ana Paula Tozzi, avalia que os efeitos do quadro financeiro ruim dos varejistas ainda não aparecem totalmente nas provisões para inadimplência dos operadores de shopping, mas considera que muitos lojistas estão em dificuldade para pagar obrigações e pedindo refinanciamentos e renegociações.