Um dos maiores craques do futebol brasileiro, Tostão, se tornou um preciso comentarista por saber olhar o futebol, e sua carreira, com uma visão ampla, com um distanciamento que não deixa de lado a sensibilidade.

E faz da humildade um recurso genuíno e construtivo, que lhe permite, sem perder a autoestima, concordar com recente declaração de Rivellino, que afirmou que Neymar seria titular em 1970, ocupando o lugar de Tostão.

“Também acho, concordo com o Rivellino. Neymar é um dos maiores jogadores do futebol brasileiro em toda história, está entre os cinco. Não tenho nenhuma pretensão de me comparar ao Neymar, fui um ótimo jogador, mas considero que individualmente ele é melhor do que eu”, destacou Tostão.

Tostão, inclusive, escreveu a respeito disso, da importância de Neymar e de sua função na Copa de 1970, em sua coluna na Folha de S. Paulo desta quarta-feira (23), sem saber nada a respeito das declarações de Rivellino.

“Ele disse isso? Quando, hoje? Foi coincidência. Na verdade, concordo com o Rivellino, sei que não falou para polemizar, está tudo bem. Só acho que o Neymar teria outra função, precisaria de alguém como eu”, revelou.

Tostão explica dizendo que Neymar seria um jogador com uma outra movimentação, e não faria o papel de abrir espaços para os companheiros.

“Ele jogaria de outra maneira. Eu era um jogador de inteligência coletiva, funcionei como um facilitador para os artilheiros do time, Pelé, o maior de todos, e Jairzinho. Com o Neymar, o time iria encontrar outra maneira que poderia também ter dado certo”, ressaltou.

Tostão considera que, neste momento, Neymar precisa de companheiros com tais características na seleção.

“Para Neymar ter mais liberdade e render o que pode, a seleção precisa de um centroavante bom, técnico, que faça gol, mas que acima de tudo facilite o trabalho dele. Firmino é uma oção, ele faz isso no Liverpool, para Salah e Mané. Um centroavante deste tipo pode saber fazer gols, mas necessita que os outros façam gols, não precisa ser o artilheiro”, ressaltou.

Tostão voltou a contar a história de que, quando foi avisado por Zagallo de que seria o centroavante, moldou qual seria a sua função naquele exato momento.

“Disse ao Zagallo: ‘Vou jogar como o Evaldo joga no Cruzeiro.’ O Evaldo fazia o que fiz na Copa de 1970. Ele facilitava para mim e para o Dirceu Lopes. Entendi logo qual seria minha função na seleção”, explicou.

Para Tostão, o que faltou até agora a Neymar foram circunstâncias mais favoráveis, com menos lesões e maior sequência em um clube com equipes de alto nível estruturadas, como o Barcelona de Messi ou o Real Madrid de Cristiano Ronaldo.

“Se ele jogasse mais tempo no Barcelona, com Messi, poderia estar em um patamar de reconhecimento ainda maior, até com uma conquista da Bola de Ouro. Ele é o melhor, depois de Messi e Cristiano Ronaldo, está no nível dos grandes da história. No PSG ele não teve as condições de desempenhar seu futebol como teria no Barcelona, com Messi”, destacou Tostão.

Para o ex-jogador, aliás, Messi já pode ser considerado o segundo maior jogador da história do futebol.

“Considero que Messi só está atrás do Pelé”, completou.