Com a presença do fundador do primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, mais conhecido como Vovô, e de Arany Santana, Diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), que contribuiu também na fundação do Movimento Negro Unificado, foi realizada, na noite desta quarta-feira, 18, a roda de conversa “Meu cabelo, minha identidade”, como parte da Semana da Consciência Negra, na Biblioteca Municipal Adonias Filho, em Ilhéus.

Nesta sexta-feira, 20, a programação inclui, às 9h30min o lançamento do livro “A criança na capoeira”, seguida de palestra da psicóloga e mestra de capoeira Patrícia Mascarenhas, com o tema “A criança na capoeira, uma via de inclusão”. Todas as atividades acontecem na Biblioteca Adonias Filho, localizada à Praça Castro Alves.

O secretário de Cultura, Paulo Atto, ressaltou a riqueza do encontro realizado na última noite, “como uma oportunidade singular de estar diante do testemunho de duas pessoas das mais importantes para a afirmação de uma identidade e estética afro-baianas.” Na oportunidade houve a doação de livros e revistas do Ilê Ayê para a Biblioteca Municipal. O evento, que faz parte da programação da Semana da Consciência Negra de Ilhéus, contou também com a presença do coordenador do Coletivo A Coisa Tá Ficando Preta, Francisco Benevides, e do artista plástico Dado Loko.

O público presente assistiu ao documentário “O Lado de Cima da Cabeça”, da comunicóloga Naira Évine, que trata de conceitos estabelecidos na sociedade, que ainda preza por um padrão de beleza que foge à realidade da maioria dos brasileiros. Em seguida, foi iniciada a discussão acerca da importância do negro assumir o cabelo natural como um ato de afirmação e resistência identitárias.

Vovô do Ilê deu sua contribuição, ao expor a importância do Bloco Afro Ilê Aiyê, para a afirmação da identidade de diversos jovens negros em Salvador e de sua própria afirmação em um período em que ser assumir uma estética negra era “motivo de vaias em público”, como o próprio relatou que sofreu no bairro da Liberdade, em plena capital baiana.

Já Arany Santana emocionou o público ao contar como foi difícil viver sua infância e parte da adolescência em um ambiente racista e os obstáculos que precisou enfrentar para resistir em meio ao racismo que a cercava.

Representação – O militante Francisco Benevides ressaltou a importância da representatividade para as crianças negras, que não se vêem na TV, pois o padrão midiático não as contempla e como a educação é capaz de reverter este quadro. Já Dado Loko expôs a importância da cultura e de projetos que contemplem as crianças negras e de periferia, para que assim se empoderem e tenham orgulho de assumirem negras.

Programação – Lançada na última terça-feira, 17, pela Secretaria de Cultura de Ilhéus, a programação da Semana da Consciência Negra já promoveu oficinas de turbante, percussão, roda de conversas, apresentações artísticas e visitas da Biblioteca Itinerante.

Para esta quinta, 19, acontece, às 17h30min, oficina de dança-afro. A sexta-feira, 20, reserva ainda na programação, a partir das 17h, a exibição do filme Bóia Fria, roda de conversas sobre violência doméstica contra a mulher negra, exposição fotográfica sobre “Memórias em Movimento – Manifestações afro-culturais em Ilhéus. Os eventos acontecem na Biblioteca Adonias Filho. Já às 19h30min, ocorrem apresentações artísticas, na Praça Castro Alves.