À Sociedade São Vicente de Paulo e à Comunidade de Ilhéus.
“A verdadeira caridade abre os braços e fecha os olhos”.
São Vicente de Paulo

 

Prezados Amigos.

Aceitei, em 2013, o convite para exercer o cargo de Presidente da Sociedade São Vicente de Paulo de Ilhéus, Instituição mantenedora do Abrigo São Vicente, localizado na Avenida Luiz Viana Filho, no bairro da Conquista, porque acredito nas causas sociais e na militância comunitária como formas de ação cívica e política de valorização da cidadania.

Após consultas a várias pessoas, voluntárias da causa do abrigo, funcionários e ex-funcionários, decidi também contribuir com essa centenária instituição católica que tem prestado excelentes serviços à comunidade ilheense e regional. Vale ressaltar que, embora candidato a presidente, não fui responsável pela indicação da maioria dos integrantes da diretoria executiva para o triênio 2014-2017.

Dessa forma, disponibilizei parte do tempo para me dedicar à tarefa de gestor de uma sociedade de natureza privada e reconhecida como de Utilidade Pública. Sempre tive vínculo e compromisso com a causa pública, desde a adolescência, e considero miopia vê essa instituição como um ente de caráter essencialmente privado.

Não me dobrei ao desafio de colaborar com uma instituição no vermelho, com problemas de várias ordens acumulados ao longo das três últimas décadas. E jamais me coloquei como qualquer salvador da pátria. Ao contrário: peço a Deus todo dia que mantenha em mim o espírito da humildade, do respeito e amor às pessoas e de compromisso com a ética humana e pública.

Infelizmente, ao tomar conhecimento da realidade cotidiana do Abrigo São Vicente de Paulo de Ilhéus tive ciência da grave crise que assola a entidade e da séria complexidade estabelecida nas relações entre a Diretoria Executiva e os diversos segmentos do Abrigo, notadamente a Comunidade das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.

Após período de intenso trabalho visando a implementação de um possível realinhamento da Filosofia de uma nova gestão, fui surpreendido por uma forte resistência interna que dificultou a execução do que havíamos proposto. Apesar de buscarmos uma gestão compartilhada, com respeito ao espaço de cada diretor, não havia essa reciprocidade por parte dos demais, na compreensão do papel do Presidente.

Com a experiência acumulada na militância social, e sem deslumbre com o Poder, repudio situações em que fui tratado de forma desrespeitosa por pessoas que estão na Instituição, por pura vaidade, muito pouco espírito coletivo e praticamente nenhum espírito público.

Nesse contexto, após longa análise da situação e os possíveis prejuízos para minha vida pessoal e familiar, resolvi renunciar ao cargo de Presidente da Sociedade São Vicente de Paulo de Ilhéus em carta enviada ao Presidente do Conselho Curador, Dom Mauro Montagnolli, Bispo da Diocese de Ilhéus.

Faço esse gesto com a consciência tranquila, respeitando meus valores e convicções, fundamentadas na Palavra de Deus.

 

Ilhéus, julho de 2015.

 

Yolando de Souza