Por Rayllanna Lima
O Centro de Convenções de Salvador se transformou, nesta semana, no epicentro da mineração brasileira. A capital baiana sedia até quinta-feira (30) a Exposibram 2025 (Expo & Congresso Brasileiro de Mineração), o maior evento do setor na América Latina e o segundo maior do mundo. O encontro reúne executivos, pesquisadores, autoridades e investidores de diversos países, com foco em inovação, sustentabilidade e transição energética.
A programação na terça-feira (28) foi iniciada pelo diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, que apresentou cinco compromissos ambientais que o setor levará à COP30, em 2026. As metas incluem o aumento do uso de fontes renováveis, a redução do consumo de água nova e o apoio a planos municipais de adaptação climática. “Durante um ano, o Brasil será o líder mundial das negociações climáticas. Agora é a hora do compromisso. O nosso impacto territorial é mínimo, mas a nossa responsabilidade é enorme”, afirmou Jungmann.
O presidente da Vale S.A., Gustavo Pimenta, destacou a transformação da empresa após a tragédia de Brumadinho. “Eliminamos as barragens em nível 3 de risco e aderimos aos padrões internacionais de gestão. Aprendemos com o passado e hoje operamos com mais segurança, credibilidade e foco em circularidade”, disse. Pimenta ressaltou ainda que a mineração legal é aliada do meio ambiente, citando a preservação de 1,3 milhão de hectares de florestas em Carajás.
A programação da Exposibram inclui painéis temáticos, cursos e encontros de negócios, abordando temas como descarbonização, inovação digital e governança ambiental. O IBRAM também lançou o Anuário da Mineração do Brasil 2025, que consolida dados econômicos, sociais e ambientais e apresenta ferramentas digitais como o IPS Mineração e o Mapa IBRAM, voltados à transparência e à gestão territorial.
Estado baiano é o 4º colocado em faturamento mineral
A Bahia, anfitriã do evento, vem se consolidando como uma das principais forças da mineração no país. O estado é 4º colocado em faturamento mineral, com R$ 10,1 bilhões em 2024, e produz 47 substâncias minerais, segundo dados do IBRAM e da ANM (Agência Nacional da Mineração). É o único produtor nacional de vanádio e urânio e figura entre os líderes em níquel, ouro, cromo, grafita e terras raras. O setor gera mais de 15 mil empregos diretos e 170 mil indiretos no estado.
Segundo o instituto, a Bahia deverá receber US$ 9 bilhões em investimentos até 2028, o equivalente a 16% do total nacional previsto para o setor mineral. São pelo menos 17 municípios beneficiados, entre eles Caetité, Brumado, Maracás, Jaguarari e Ilhéus, com projetos de ferro, ouro, cobre, grafita, fertilizantes e terras raras.
Companhia Baiana de Produção Mineral (CBPM), Henrique Carballal , afirmou que “a emergência climática nos impõe, ao Brasil e à Bahia, a condição de estarmos todos preparados para lavrar esses minerais críticos que Deus deu à Bahia”. Ele também destacou que o solo baiano aliado à sua força trabalhadora tem condições de ser uma locomotiva da transformação energética dada a diversidade de minérios, atraindo investimentos, fortalecendo a indústria, diversificando o processo produtivo.
Presente no evento, o advogado e especialista em Direito Minerário Cássio Pitangueira, disse que a Exposibram reflete um novo ciclo da mineração nacional. “O Brasil precisa deixar de ser exportador de commodities e investir na verticalização, agregando valor aos minerais estratégicos usados na transição energética, como lítio e terras raras”, destacou.
Além das discussões técnicas, a Exposibram traz uma programação cultural inédita, com shows de Bell Marques, Timbalada, Olodum e Luiz Caldas, integrando mineração, arte e cultura afro-brasileira. A realização do evento em Salvador reforça o protagonismo da Bahia no mapa mineral e econômico do país. “Sob a liderança do governador Jerônimo Rodrigues, estamos mostrando ao mundo que é possível minerar com respeito às pessoas, ao meio ambiente e à cultura local”, disse Carballal.
trb











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