O procurador-geral da República Rodrigo Janot avalia que sem a delação do empresário Joesley Batista, da JBS, não seria possível identificar ‘o complexo esquema de pagamento de propina’ envolvendo o presidente Michel Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures – ex-assessor especial do peemedebista -, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o procurador Ângelo Goulart.

Em entrevista ao Estadão, Janot defende enfaticamente o instituto da colaboração. Ele classificou de ‘decisão histórica’ o recente julgamento do Supremo Tribunal Federal que ‘confere segurança jurídica aos colaboradores’.

O procurador pondera que, apesar do amplo conhecimento do Ministério Público em grandes investigações, há muita dificuldade em desmontar organizações criminosas, ‘já que a regra, nesses casos, costuma ser a Omertà, ou seja, o silêncio como garantia de vida’.

“Com as colaborações premiadas, os réus confessam os crimes, apresentam detalhes do funcionamento dos esquemas e ajudam na indicação dos líderes.”

Janot falou sobre o objetivo da Lava Jato. “O objetivo da Lava Jato é justamente fazer cessar essa prática que parece arraigada no sistema brasileiro. Fico consternado em ver que, após 3 anos e meio de investigações que já culminaram em mais de 157 condenações, ainda tenhamos que deparar com crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em curso, praticados pelos mais altos dignatários da República, enquanto o Brasil passa por uma grave crise econômica, com índice recorde de desemprego e inadimplência, por exemplo”.