O espetáculo “Teodorico Majestade: as últimas horas de um Prefeito”, que está em cartaz há 14 anos,  se adaptou para uma versão inteiramente virtual, levando teatro ao público de forma remota durante a pandemia do Covid-19. A montagem online, renomeada “Teodorico Majestade: a última Live de um Prefeito”, estreou dia 24 de julho e fez mais 12 apresentações, incluindo a abertura da Mostra Porto Brasil durante no Sommerweft Festival no dia 06 de setembro. A segunda temporada está em cartaz, e fará apenas 3 apresentações no mês de setembro, aos sábados, dias 12, 19 e 26, sempre às 20 horas.

Inspirada na literatura de cordel, na xilogravura e no cancioneiro nordestino, a peça narra o drama do prefeito Teodorico Majestade, da fictícia Ilha Bela, acuado em seu gabinete, cercado pela população revoltada com suas trapaças. Boca-suja e beberrão, o alcaide se vê abandonado pelos seus comparsas e, num ato de desespero para se manter no poder, tenta negociar com o povo, que pede sua cassação imediata. A montagem surgiu como um posicionamento do Teatro Popular de Ilhéus diante dos escândalos ocorridos na cidade, e sua repercussão contribuiu para a mobilização da população ilheense contra o então prefeito Valderico Reis, tendo histórica importância na cassação de seu mandato em 2007. O espetáculo tem texto e direção de Romualdo Lisboa e conta com Ely Izidro no papel do prefeito “Teodorico Majestade”; Takaro Vítor como “Malote”; Tânia Barbosa como “Maria Antônia das Armas; Aldenor Garcia como “Gersinaldo Quina”; e Cabeça Isidoro como o “Cantador”.

A comédia recebeu duas indicações ao Prêmio Braskem de Teatro em 2008, e já rodou diversas cidades do interior da Bahia e na capital do estado, além de ter se apresentado em palcos do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Alagoas e Pernambuco. Participou, a convite da Cooperativa Paulista de Teatro, da VI Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo em 2011. Além disso, ainda participou de festivais como o Festival de Curitiba (2012), Festival Recife do Teatro Nacional (2016), Festival de Teatro da Caatinga (2018) e em diversas edições do Filte Bahia. Alcançou as terras europeias e se apresentou em julho de 2019 durante o Sommerwerft Theater Festival 2019, na cidade alemã de Frankfurt. Adentrando a área do audiovisual, em 2011 o espetáculo se tornou tema de documentário que, dirigido por Elson Rosário, foi selecionado para um edital da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.

Agora, em sua nova fase adaptada para o universo da internet, a montagem ganha novos recursos para continuar levando teatro ao público sem que ninguém precise sair de casa. Além disso, após cada apresentação, o grupo abre um bate-papo com convidados especiais para conversar sobre esses 25 anos de história do TPI. Neste sábado, dia 12, o convidado é José Nazal Pacheco Soub, atual vice-prefeito de Ilhéus, fotógrafo e colecionador de fotografias. É autor do livro “Minha Ilhéus”, obra que reúne fotos e textos históricos de diversos autores. Profundo conhecedor de Ilhéus, suas histórias e personagens icônicos, neste sábado falará da sua relação com o TPI, rememorar os principais espetáculos, rever imagens. José Nazal também acompanhou os bastidores da cassação de Valderico Reis e vai revelar as similaridades entre o espetáculo e o que aconteceu durante as últimas horas do Prefeito.

Os ingressos são limitados, e estão à venda na plataforma Sympla por 10 e 20 reais. O público pode ainda ajudar o grupo com colaborações voluntárias de 50 e 100 reais, e dessa forma contribuir para a manutenção da Tenda TPI durante a pandemia. A transmissão acontecerá pelo Zoom, cujo link será enviado por e-mail, e o espectador deverá ter o programa instalado em seu smartphone ou computador para assistir ao espetáculo. Para realizar a compra dos ingressos, basta acessar o site www.sympla.com.br/teatropopulardeilheus.

Fundado em 1995 por Équio Reis (in memorian), o grupo já produziu dezenas de espetáculos, e interfere positivamente no município de Ilhéus e região, promovendo debates, encontros e estudos que contribuem para a formação cultural de seu público. A longevidade do Teatro Popular de Ilhéus é um indicador de um projeto de empreendedorismo cultural exitoso que tem um planejamento a longo prazo bastante sólido e em constante avaliação. Em 2020 completa 25 anos de existência, cujas comemorações contarão com a publicação do livro “A vida é uma rima”, um ensaio biográfico do Teatro Popular de Ilhéus que está sendo escrito pelo crítico teatral e jornalista Valmir Santos.

O Teatro Popular de Ilhéus está localizado na Avenida Soares Lopes, em Ilhéus, e é uma instituição cultural independente, atualmente mantida pelo programa de Ações Continuadas de Instituições Culturais – uma iniciativa da Secretaria de Cultura da Bahia com recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, mecanismo que custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada.