O conceito de meritocracia é uma mistura da palavra latina meritun, “mérito” com o sufixo grego crácia, “poder”, isto é, o sucesso é determinado única e exclusivamente pelo esforço pessoal.

Em um trecho do livro “Meritocracia: influência da cultura brasileira no desempenho e no mérito”, escrito pela Pedagoga, Mestre em Administração e com MBA executivo em Gestão Empresarial, Neuza Chaves, ela afirma que “o que mais encanta é a meritocracia não considerar o sobrenome, biografia ou indicações. Deve considerar a competência e o desempenho. O que a pessoa herda não foi produzida por ela, não tem efeito para a meritocracia”.  

Para o filosofo grego Platão, os governantes deveriam ser sempre um filosofo, um especialista. No entendimento do pensador, seria um grande erro, mesmo nas sociedades democráticas, que a escolha dos governantes fosse feita entre qualquer um do povo. A ideia de Platão era o governo do rei sábio, indicado por sua inteligência e conhecimento, para conduzir a sociedade “pelo caminho do bem, do belo e do justo”.

Todavia, o que imperou ao longo da história em todo mundo, foram governos marcados por privilégios do sangue ou da casta a qual o dirigente pertencia. Percebe-se que em Ilhéus não é diferente e essa prática faz isto parte de sua cultura e por falar em cultura, a exoneração de um especialista, escritor de diversos livros, apaixonado, referência e reconhecido nacionalmente na área cultural da Secretaria de Cultura, explica muito bem o título deste texto.

Destarte, podemos afirmar que nos últimos 30 anos de Governos em Ilhéus a meritocracia faz parte apenas de discursos vazios e incoerentes, para evidenciar que não há nepotismo ou apadrinhamento na gestão pública. Basta verificarmos os Diários Oficiais publicados e atestarmos que as nomeações e exonerações se dão entre os mesmos sobrenomes de sempre: os Ribeiros, os kruschewskys, os Mendonças, os Reis, os Noras, os Hafners, os Moreiras, os Cunhas, os Vieiras, um Soub, dentre outros. Isso explica, e muito, o porquê desta “província” chamada Ilhéus padecer tanto ao longo de sua história e não encontrar o caminho do desenvolvimento.

Triste cidade. De capitania hereditária, dos tempos de Jorge Amado aos dias atuais, Ilhéus sofre propositalmente com a “Síndrome da Gabriela” (eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim). Sempre os mesmo se revezando no poder, sendo irrelevante o desempenho e competência, atributos essenciais da meritocracia.

Por não ter um sobrenome que seja “digno” dos Diários Oficiais da cidade de Ilhéus, é recomendável que o autor deste texto se abstenha de assiná-lo, pois certamente seria indagado por diversas “excelências” da sua elite falida e prepotente com as celebres e conhecidas frases: “Você sabe quem sou eu? Quem você pensa que é?” Muda Ilhéus.

*TEXTO ENVIADO PARA A REDAÇÃO DO JORNAL DO RADIALISTA. (Nome do autor sob sigilo). Divulgação de responsabilidade do editor.