O presidente Jair Bolsonaro teria criado, no final do ano passado, um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas para aumentar sua base de apoio do Centrão no Congresso antes das eleições para presidentes da Câmara e do Senado. Boa parte das emendas foram destinadas à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores fixados pelo governo.

O levantamento é do Estadão, com base em 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados. O esquema atropela leis orçamentárias, pois são os ministros que deveriam definir onde aplicar os recursos, e dificulta o controle do Tribunal de Contas da União (TCU) e da sociedade.

Conforme a reportagem, por exemplo, o governo aceitou pagar R$ 359 mil num trator que, pelas regras normais, somente liberaria R$ 100 mil dos cofres públicos. Há ainda situações em que parlamentares enviaram milhões para compra de máquinas agrícolas para uma cidade a cerca de dois mil quilômetros de seus redutos eleitorais.