Nunca fizemos política com a miséria do povo”, discursava o vereador Luís Carlos Suíca (PT), líder da oposição na Câmara Municipal de Salvador, no dia 29, quando foi aprovado por unanimidade o auxílio-emergência de até três salários mínimos para as vítimas atingidas pelas chuvas em Salvador.
Mas, no mesmo dia em que Suíca sustentava isso na Câmara, o site do PT nacional lançava nota na qual afirmava que “gestão ACM Neto prioriza festas à prevenção de deslizamentos”. Na mesma sessão, entretanto, vereadores governistas tentavam evidenciar outro cenário.
O vereador Euvaldo Jorge (PP) dizia que havia uma demonstração clara de que havia acabado a política “do quanto pior melhor”. “Estamos agora unidos por nossa cidade, por uma cidade melhor”, discursava Euvaldo.
O anúncio de investimentos de R$ 156 milhões pelo governo estadual em obras de contenção de encostas na capital também foi utilizado por aliados do governador Rui Costa para enaltecê-lo.
“Rui Costa tem ajudado de todas as formas que pode ajudar. Diferente do que ocorreu quando estourou a adutora da Embasa, quando vereadores, a mando do chefe do executivo, diziam que o governador não estava preparado para resolver os problemas da Bahia”, disse o vereador Carlos Muniz (PTN).
Muniz ainda disse que, desde 2006, terminou a “política do chicote” na Bahia, o que irritou os aliados de Neto. “No começo do governo de Rui Costa, foi tirado um secretário porque não poderia ser aliado do prefeito. Isso é democracia ou o chicote mudou de mão?”, indagou o vereador Leo Prates (DEM).
Competência
Quando sancionou a lei do auxílio-emergência, o prefeito manteve o discurso de que caminha com as próprias pernas. “Exatamente por conta do ajuste fiscal que fizemos no início da gestão, hoje podemos atacar os problemas com recursos próprios”, afirmou ACM Neto.
Já Rui Costa usou uma vantagem em seu discurso: a origem humilde. “Eu nasci e vivi durante vinte anos em uma encosta no bairro da Liberdade e eu vivi momentos como esse onde as chuvas eram intensas”, disse.
O cientista político Jorge Almeida aponta, porém, que nenhum dos lados tem legitimidade para criticar o outro. “Mesmo com as chuvas ocorrendo todos os anos, as grandes obras das admininistrações municipais não priorizaram a solução desse problema. Mas o que têm feito os governos federal e estadual? Nesse cenário, fica a impressão de oportunismo na crítica feita”, avalia.
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