O PSDB está hoje dividido em três núcleos com projetos diferentes de poder, mas todos compartilham da mesma análise: a citação do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS) ao nome de presidente nacional da sigla, Aécio Neves, em seu depoimento de delação premiada prejudica neste momento o discurso de todo o partido.
A afirmação de que o senador mineiro recebeu propina de Furnas, empresa subsidiária da Eletrobras, é classificada como “requentada” e “frágil”, mas ocorre justamente no momento em que o volume das ruas impulsionou os tucanos a abandonarem de vez a cautela sobre o impeachment.
A palavra de ordem nos gabinetes da oposição é obstruir toda iniciativa do Planalto, manter o Congresso Nacional sob pressão e a opinião pública focada no impedimento.
Nesse contexto de batalha final, o PT ganhou munição. “O Delcídio é ardiloso. É provável que ele tenha usado o Aécio para fazer um contraponto e colocar o PSDB no mesmo patamar”, pontua José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão vinculado ao PSDB.
Aliados de Aécio, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador José Serra (SP), os três postulantes tucanos ao Palácio do Planalto, também avaliam que o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, em algum momento vai mirar sua artilharia para o PSDB para proteger o seu legado e da operação.
No que se refere a “Lista de Furnas”, tucanos ligados a Aécio dizem que o episódio tem potencial para atingir todas alas do PSDB caso esse seja o caminho escolhido por Moro para “equilibrar” a alcance da Lava Jato. Por outro lado, a narrativa de que tudo não passa de armação construída pelo PT mineiro é considerada inconsistente.
Por fim, as palavras de Delcídio não serão usadas como artilharia de fogo amigo. A preocupação no entorno de Aécio é o estrago que dessa agenda negativa em um nome que acabou de ser trabalhado nacionalmente.
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