Presidente do PP de Tocantins, o deputado federal Vicentinho Junior usou dinheiro público para comprar um carro avaliado em R$ 100 mil e dar o veículo de presente para a irmã.

A compra foi feita com o uso de cota parlamentar. Por regra, a verba bancada pela Câmara serve para custear despesas relativas ao mandato dos deputados, como aluguel de escritório, veículo, passagens aéreas, alimentação e combustível, por exemplo. No caso de Vicentinho Junior, o político destinou o dinheiro para alugar o carro e, em seguida, usou uma cláusula do contrato feito com a locadora para adquirir o mesmo veículo, o que contraria regras internas da própria Casa.

Devido à compra do automóvel com dinheiro público, o Ministério Público Federal (MPF) investiga Vicentinho Junior por improbidade administrativa. O caso chegou ao órgão sob sigilo em maio do ano passado, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. O Estadão teve acesso com exclusividade a detalhes da investigação.

O automóvel, um Toyota Corolla branco modelo 2018, passou de propriedade da locadora diretamente para o nome da irmã do deputado, a médica Mariana Alice, de acordo com documentos do Detran de Tocantins. A transferência foi feita em 29 de julho do ano passado, véspera do aniversário da irmã de Vicentinho e somente após o parlamentar ter sido oficiado da investigação do MPF.

Mariana é dona de uma clínica em Palmas, capital de Tocantins. Vídeos publicados nas redes sociais e analisados pela reportagem mostram o Corolla em frente ao estabelecimento. Além disso, a Polícia Federal tem imagens do carro estacionado em uma UPA de Porto Nacional quando Mariana estava de plantão na unidade, bem como da médica entrando em um Corolla branco em Palmas.

O deputado pagou por 21 meses R$ 6 mil pelo aluguel do veículo, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019. Num total de R$ 126 mil. O Ministério Público já sabe que dez das mensalidades foram bancadas com dinheiro da cota parlamentar, o que dá R$ 60 mil. Os investigadores suspeitam que as outras 11 prestações também foram bancadas com dinheiro público.

O aluguel foi feito com a Vip Service, do empresário Carlos Alberto Sá. Conhecido como Carlinhos, o executivo também é dono das empresas Voetur e VTC Log, esta última indiciada pela CPI da Covid-19 por ato lesivo à administração pública.

Fonte: Agência estado