A Polícia Civil do Rio deverá chamar ex-jogadores, entre eles Dunga e Júnior Baiano, e empresários de futebol para depor na investigação sobre uma quadrilha que desviava bilhetes para cambistas. A polícia estima que o grupo pretendia faturar R$ 200 milhões nesta Copa do Mundo.

Inicialmente, Dunga e Júnior Baiano serão chamados como testemunhas – o objetivo é esclarecer se há ligação com a rede. Entre os envolvidos está o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana. Para o delegado Fabio Barucke, ele seria o contato com a Fifa para a obtenção de ingressos.

De acordo com a investigação, Lamine Fofana tinha livre acesso a eventos da Fifa e fechou um bar na zona sul carioca, no último dia 17, para uma festa em homenagem aos ex-jogadores da campanha de 1970.

Ex-atletas de várias gerações, como Dunga (campeão mundial em 1994), Jairzinho e Carlos Alberto Torres (campeões em 1970), estavam entre os convidados – por isso, deverão ser chamados para depor.

Na festa, Lamine Fofana gastou R$ 9.000 em uísque para presentear ex-jogadores e jogadores. Júnior Baiano será convocado porque alugou um apartamento para o argelino por R$ 12 mil na Barra, no Rio.

R$ 1 milhão por jogoDunga e Júnior Baiano depõem em investigação sobre fraude de ingressos 1

A Polícia do Rio já prendeu 11 pessoas envolvidas no esquema que lucrou, pelo menos, R$ 1 milhão por jogo. De acordo com as investigações, a quadrilha comercializou ingressos para todos os jogos do Mundial até as oitavas de final.

Um funcionário da Fifa e outro da empresa Match Services, responsável pela venda de ingressos da Copa, são suspeitos de participarem da quadrilha.

Além deles, um chinês atuaria em São Paulo negociando ingressos para a quadrilha. As investigações sobre o esquema começaram há três meses. São 50 mil registros de gravação. A Polícia Civil ouviu até o momento 25 mil, o que indica aos policiais que outras pessoas ainda podem surgir no esquema.

A Fifa classificou de “rumores” o envolvimento de membros da entidade no esquema de desvio de ingressos da Copa do Mundo para cambistas. Além disso, a entidade voltou a afirmar que aguarda ser procurada pelas autoridades brasileiras para auxiliar na investigação do caso.

Desde 2002O esquema de venda de ingressos, segundo a apuração, funcionava desde a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. Suspeita-se que o grupo tenha adquirido bilhetes da cota da Fifa para meia-entrada e gratuidade. Durante toda a segunda (30), Lamine Fofana oferecia por R$ 3.000 o ingresso para Argentina x Suíça. Os cambistas agiam via agências de turismo em Copacabana, uma delas de fachada.