O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar com a consciência tranquila para o depoimento diante do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, marcado para 10 de maio. O petista disse, ainda, ter a certeza de que vai sair inocentado do processo. Em entrevista para o programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, de Porto Alegre, o ex-presidente voltou a frisar que as acusações contra ele são falsas e que vai provar inocência.

“Tenho todo o interesse neste depoimento, estou pronto, só espero que sejam feitas as perguntas pertinentes. Tenho certeza de que sairei desse processo inocentado. Sou vítima de uma série de mentiras”, destacou. Lula deu a entrevista por telefone de São Paulo.

Questionado se teme uma possível delação do ex-ministro Antônio Palocci, Lula respondeu que não. “Não tenho preocupação com nenhuma delação. Palocci é meu companheiro há 30 anos, é um dos homens mais inteligentes desse país e se ele resolver falar tudo o que sabe pode, sim, prejudicar muita gente, menos eu”.
Questionado a respeito das reformas trabalhista e da Previdência, Lula falou que a mudança na Previdência “joga nas costas do povo” o peso pela falência da aposentadoria e que a reforma trabalhista tira os direitos dos trabalhadores.

“Eles rasgaram a CLT, que era a garantia mínima do trabalhador. Com empresários fortes e sindicatos muitas vezes fracos, qual é o poder de barganha dos trabalhadores?”, declarou.

Lula aproveitou para dizer que considerou um sucesso a greve geral desta sexta-feira. Para o ex-presidente, o movimento decorre da irresponsabilidade e da falta de sensibilidade do governo com a sociedade. “Pode fazer com que o Congresso mude de atitude, é uma paralisação histórica como há muito tempo não se via no Brasil”, completou.

Eleições

Lula reforçou que quer ser presidente da República outra vez. “Vou pedir ao povo brasileiro a licença para votar em mim para resolver a crise que este governo trouxe para Brasil. Eu já provei que é possível consertar este país. Todo mundo sabe que eu sei cuidar dos que mais necessitam. Se tem um momento que eu desejo ser presidente é agora”.
“O povo brasileiro sabe quem eu sou. Se eles quiserem que eu não seja candidato, vão ter que rasgar a Constituição mais uma vez”.
Temer
Lula falou também que conversou com o presidente Michel Temer para não apoiar o movimento do impeachment. “Eu disse para ele não rasgar a biografia dele como constitucionalista, mas infelizmente ele tomou outra decisão. Ele é um jurista, sabia que Câmara não tinha motivos legais para afastar a Dilma”.
Classe política
Lula citou a desesperança que cresce no País, destacou que o RS voltou a ter “ar conservador”, mas frisou que não existe saída para os problemas sociais e econômicos fora da política.
“Temos que acreditar nela. Fora dela é o fascismo, o nazismo, a ditadura. Nós precisamos é aprender a escolher melhor os candidatos. Tem que votar e cobrar dele todo dia. Ao invés de ficar com raiva dos políticos e dos partidos, goste de si mesmo, faça um partido, entre para a política”, encerrou.