Durante o 1º Simpósio de Psicologia da Faculdade de Ilhéus, professores, estudantes e especialistas convidados debateram o tema As Diversidades Sexuais como um aspecto que vem sendo preponderante aos desafios de igualdade da sociedade moderna. O evento organizado pelo curso de Psicologia, dirigido pela profa. Tatiana Rodrigues, teve a coordenação científica do professor Doutor Paulo César Martins e aconteceu no auditório da instituição, localizada na Avenida Tancredo Neves, na zona sul da cidade, com apoio do Conselho Regional de Psicologia.
O psicólogo e psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr, que fez a palestra de abertura do evento, afirmou que ”vivemos um momento histórico no qual temos um debate social sobre as identidades sociais que se referem às expressões da sexualidade. Assim, aparecem novas identidades sexuais visíveis a todos. As identidades e diversidades sexuais incluem diferentes orientações sexuais, desejos, necessidades e limitações, sejam físicas, funcionais ou comuns, normais e cotidianas”, acrescentou o assessor de Publicações da Alamoc – Associação Latino-Americana de Análise e Modificação de Comportamento e Terapia Cognitivo-Comportamental.
A também psicóloga Laura Almeida, presente ao evento, abordou a necessidade de inserção dos temas nos currículos de formação em Psicologia. Segundo ela, os estudantes estavam questionando, em sua maioria, as práticas e técnicas de atuação nas escolas e nas clínicas, ou seja, de que forma isso pode ser transmitido ou discutido nesses espaços.
“O que sinto é que a maior necessidade desse espaço, como de tantos outros, está justamente na discussão da descolonização dos nossos preconceitos. Porque realmente é muito difícil tirar os privilégios de cena e tirar aquilo que você tem medo que seja atingido, oprimido. Eu sinto que é muito maior do que apenas discutir em Psicologia. Nós estamos falando de tensionamentos sociais históricos, e como a Psicologia tem esse papel fundamental de ter essa responsabilidade na transformação social, a gente precisa estar promovendo essas discussões sempre”, enfatizou a professora.
Para o psicólogo Anderson Guimarães, é muito importante a ocorrência de um simpósio falando sobre esse tema. “Gostei muito da realização do evento. Acho que a gente teve contribuições muito importantes. Tomar como princípio de tudo a discussão entre a distinção de sexualidade e gênero, este é o ponto de partida fundamental, principalmente, porque muitas pessoas confundem esses conceitos e por conta dessa confusão acabam fazendo leituras sociais equivocadas e produzindo sofrimento nas pessoas”, alertou.
Para ele, “é impossível dizer quantas identidades de gênero existem, porque existem tantas identidades de gênero quanto existem seres humanos no mundo. Elas são infinitas, não são imutáveis e são dinâmicas. Cada um vai definir qual a sua identidade de gênero. E é importante que tenhamos isso nítido em mente. Cada ser é um ser diferente. E por identidade ser algo que cada um se identifica, o sentimento de pertencimento cada um vai se identificar de maneira diferente, vai desenvolver esse sentimento de pertencimento de maneiras diferentes, diversas”, acrescentou.
Na opinião do professor doutor em Sociologia Política, Fábio Bila, que participou da mesa redonda sobre “Desafios para a formação e atuação profissional da Psicologia: questões de gênero e sexualidades”, debater a diversidade sexual no momento que o Brasil atravessa é de extrema importância, “e a Faculdade de Ilhéus, como promotora desse debate, traz questões que são fundamentais para a formação do psicólogo que irá atuar nessa nova realidade, e que vai ter que lidar com pais homossexuais e filhos de homossexuais, e é extremante importante que o futuro psicólogo esteja antenado e à frente dos debates sobre essa questão”, salientou.
Bila destacou que dentre as questões que mais suscitaram o debate no evento, a forma como o psicólogo vai lidar numa escola com a temática da homossexualidade foi a mais abordada. “É um contexto que é real, que já ocorre no dia-a-dia, no cotidiano da escola, mas que é silenciado. Eu acho que a prática, o debate, vem suscitar exatamente essa possibilidade de se discutir e não mais silenciar o tema da homossexualidade na escola e nem na prática da Psicologia”, acrescentou o professor.
Para Carla Zeglio, diretora do Instituto Paulista de Sexualidade, a realização do Seminário de Psicologia em Ilhéus abre espaço num mundo tão diverso, para a discussão de temas importantes sobre comportamentos e expressões sexuais, que tanta polêmica causou e vem causando nos últimos meses.
Dentro da discussão das diversidades, a psicóloga disse que a transgeneridade tem uma possiblidade enorme de expressões comportamentais, de expressão de orientação, de desejos. “Existe uma ideia sobre comportamentos sexuais e individuais de pessoas por gênero, e quando eu me comporto diferente do meu gênero eu já estou nesse processo de transgeneridade. Vamos pensar numa régua, “0” são meninos e “10” são meninas. A transgeneridade é poder passear de um lado a outro, com a expressão da sexualidade de maneira inteira, e com atividade sexual ou não. Orientação sexual a gente não reorienta, ela é dada, assim como eu meço 1,60 de altura”.
O 1.º Simpósio de Psicologia da Faculdade de Ilhéus contou com o apoio do Conselho Regional de Psicologia – 3ª Região Bahia, Terceira Via Formaturas e Eventos, Pousada do Mar e Luciene Bolos.
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