Ao longo da última semana, a equipe de Esportes do Grupo RBS promoveu uma série de entrevistas com o objetivo de discutir o futuro do futebol após a pandemia de coronavírus que paralisou todas as competições. O objetivo é debater e apontar algumas soluções para temas que envolvem desde a vida financeira dos clubes, calendário de jogos, direitos de transmissão, entre outros. Para isso, foram ouvidas inúmeras personalidades, entre dirigentes, ex-jogadores, jornalistas e demais profissionais ligados ao esporte. Confira o que disseram os entrevistados.
O secretário-geral da CBF comentou, entre outros assuntos, sobre as projeções da entidade para a retomada do futebol no Brasil. Ele também falou da convicção que os dirigentes firmaram na manutenção do calendário atual de competições no país e também sobre o novo cenário financeiro que os clubes terão de encarar nos próximos meses.
— Há convicção no nosso calendário brasileiro, que é tropical e não deve ser comparado ao europeu. Tem outras características climáticas, de funcionamento do ano — declarou.
O advogado Marcos Motta é uma das autoridades no Brasil sobre contratos esportivos. Sócio-fundador de um escritório que atende cerca de 80 profissionais (entre eles Neymar), 23 clubes, associações e federações, Motta falou sobre a relação de trabalho entre jogadores e clubes, as perdas econômicas e o impacto da crise no campo jurídico.
— Os Estaduais estão cada vez mais prejudicados. Eu acho que estes terão bastante dificuldade em encontrar datas para retorno. O Brasileirão ainda dá para salvar. Mas não se pode fazer nenhum tipo de movimento sem ter alguém para assumir a responsabilidade por este retorno — analisou.
O comentarista esportivo e ex-diretor de Redação da Revista Placar Juca Kfouri foi o terceiro entrevistado da série. Com quase cinco décadas de atuação na imprensa esportiva, Juca criticou a postura da CBF no socorro aos clubes, defendeu cautela na retomada das competições, sugeriu que sejam revistos os Estaduais e pregou o espelhamento do calendário brasileiro com o europeu.
— Não se trata de reforçar ou fragilizar os Estaduais. Trata-se de aproveitar a crise para justamente fazer esta adequação de calendário. E com isso dar aos Estaduais o peso e a dimensão que estes campeonatos devem ter. Ou seja, competições para equipes que não estão nos nacionais em toda a temporada — pontuou.
Com a experiência de atuar numa área fundamental do esporte — a que trata dos diretos de transmissão —, Fernando Manuel Pinto, Diretor de Direitos Esportivos do Grupo Globo, contou como a suspensão dos campeonatos tem impactado a relação da empresa com os clubes. Elogiou Grêmio e Inter e avaliou mudanças quando a bola voltar a rolar no Brasil.
— Antes de um produto mídia, as competições esportivas devem ser grandes eventos esportivos. Eu acho que calendário é acima de tudo um item, uma determinação do próprio esporte. Cabe ao parceiro comercial dar a resposta comercial adequada diante do que se apresentar — descreveu.
Sem bola rolando, a falta de receitas impacta jogadores, clubes, federações e todos os que lidam com o futebol. Há o temor de que o cenário pós-pandemia seja ainda mais nebuloso. Mas nada disso abala o otimismo do copresidente e CEO da agência Africa, Márcio Santoro, que trabalha com grandes anunciantes do esporte brasileiro.
— O que é uma live? É um cantor performando sem público nenhum na frente de uma câmera. É como se estivesse fazendo um show com portões fechados. E é um sucesso absoluto. O jogo sem público é uma live de futebol. É o mesmo princípio — avaliou.
Ex-zagueira da Seleção Brasileira, Aline Pellegrino é coordenadora do departamento de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol. Em campo, Aline foi prata na Olimpíada de 2004, ouro no Pan de 2007 e capitã no vice mundial do mesmo ano. Nos gabinetes, luta pelo fortalecimento da modalidade no país e pela valorização do papel das mulheres. Apesar da pandemia, está otimista.
— Nós vamos nos adaptar, descobrir novos cenários. Eu tenho certeza que o futebol brasileiro vai voltar mais forte do que já era — manifestou ela.
Encerrando a série de entrevistas Futebol do Futuro, Frederico Nantes, diretor de competições da Conmebol, garantiu: a Libertadores e a Sul-Americana vão recomeçar. O dirigente revela o porquê mantém a confiança em alta mesmo dependendo das condições sanitárias de dez países.
— Não existe uma data de retorno ainda, o que está sendo feito com os dez países é um trabalho junto às associações membros para voltar primeiro o futebol nacional e depois competições internacionais. Mas o que eu posso te garantir é que nós vamos terminar a edição de 2020 da Libertadores e da Copa Sul-Americana, mesmo que seja preciso terminar estas competições no início de 2021 — sentenciou.
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