O ex-ministro da Justiça e senador Sergio Moro (União-PR) fez um discurso na tribuna do Senado nesta quarta-feira (22) sobre a operação que prendeu criminosos que armavam um plano para atacá-lo. Moro se disse “alarmado” com a escalada do crime organizado no país.

Ainda segundo o senador, o plano para atingi-lo revela uma ousadia talvez maior que os ataques a cidades do Rio Grande do Norte, na última semana.

“Fatos de hoje revelam uma ousadia que, se é não maior [que os ataques no RN], é assustadora”, completou.

Mais cedo, a Polícia Federal deflagrou operação contra integrantes de uma facção criminosa suspeitos de planejar sequestrar e matar autoridades públicas. Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, o senador seria um dos alvos.

Na avaliação do senador, os planos da facção têm relação com atos tomados por ele quando ministro da Justiça.

De acordo com as investigações, os suspeitos planejavam, inclusive, homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea.

A retaliação a Moro era motivada por mudanças no regime de visitas em presídios. Criminosos também trabalhavam com a ideia de sequestrar o senador como forma de negociar a liberação de Marcola. Ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes.

Sergio Moro disse desconhecer na “história da República o planejamento de organizações criminosas dessa natureza” contra promotores e contra um senador.

“Minha avaliação contra o crime organizado é que ou nós enfrentamos, ou quem vai pagar não vão ser só as autoridades, mas a sociedade. Nós não podemos nos render”, disse.

Projeto de lei

O senador pediu apoio dos senadores para aprovar um projeto de lei, apresentado por ele nesta quarta, que estabelece como crime a conspiração e o ordenamento de ataques a agentes públicos com o objetivo de atrapalhar investigações contra organizações criminosas.

O texto apresentado por Moro prevê pena de 4 a 12 anos e multa para quem solicitar ou ordenar a alguém a prática de violência ou de grave ameaça contra agente público, advogado, jurado e testemunha a fim de atrapalhar o andamento de investigação, processo e qualquer medida contra o crime organizado ou contra crimes praticados por organização criminosa.

A outra pena proposta por Moro é para aqueles que conspirarem para essas práticas. A pena sugerida pelo senador é a mesma: reclusão de 4 a 12 anos, e multa.

“Nós não podemos retroceder, presidente. Precisamos reagir às forças do crime organizado. Como o Congresso deve reagir? Com o que a ele é próprio, que são leis para proteger não só as autoridades, mas os cidadãos”, disse