O presidente Michel Temer só se tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) após a delação do dono da JBS, Joesley Batista, mas pelo menos outros oito colaboradores já o haviam envolvido em casos investigados na Operação Lava Jato. Só na megadelação da Odebrecht, o presidente é citado por quatro executivos — Márcio Faria, Rogério Araújo, Cláudio Melo Filho e Marcelo Odebrecht. Seu nome também aparece nos depoimentos dos lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano, do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e do senador cassado Delcídio do Amaral. Os relatos o retratam como um intermediador de repasses a campanhas do PMDB, incluindo a dele próprio em 2014, e como padrinho de dirigentes da Petrobras presos e condenados por corrupção. Ele sempre negou as acusações.

Na última semana, surgiu mais um nome de peso que pode comprometer o presidente — o operador financeiro e potencial delator Lúcio Bolonha Funaro. Em depoimento à Polícia Federal no último dia 14, ele relatou que o presidente sabia do esquema de propina na área de internacional da estatal e que atuou na arrecadação de cerca de 100 milhões de reais para as campanhas do PMDB, em 2010, 2012 e 2014.

Outro candidato a delator que pode atingir em cheio o presidente é o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi condenado a 15 de reclusão e está preso desde novembro de 2016 pela Lava Jato.

Nenhuma dessas delações se converteram em inquéritos, pois tratavam de episódios anteriores à chegada de Temer à Presidência — um dispositivo da Constituição prevê que presidentes não podem ser investigados por atos estranhos ao exercício da função, o que não o impede de virar alvo de processo após o fim do mandato no fim de 2018. A delação de Joesley, no entanto, traz fatos suspeitos do período em que ele já ocupava o posto mais alto do Executivo.