A Polícia Federal encontrou um documento na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que acredita ser a última versão de uma série de minutas golpistas discutidas por Jair Bolsonaro e seus aliados. O texto encontrado era um esboço de um decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para reverter o resultado da eleição vencida pelo presidente Lula.

A suspeita é que a minuta encontrada na casa de Torres pudesse ser uma versão das demais que foram discutidas por Bolsonaro com comandantes militares e aliados. Essa avaliação foi reforçada após o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e do brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica.

O ex-comandante do Exército afirmou à PF que a minuta golpista encontrada na casa de Torres é a mesma versão que foi apresentada por Bolsonaro aos chefes das Forças Armadas em uma reunião em dezembro de 2022. O brigadeiro Baptista Júnior reforçou a participação de Torres no processo e disse à PF que o papel do então ministro durante uma reunião de Bolsonaro com chefes militares era dar embasamento jurídico ao teor do decreto.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados em fevereiro. As próximas etapas são a finalização da investigação pela PF, análise da PGR (Procuradoria-Geral da República) e definição por parte do STF se Bolsonaro se transforma em réu para ser julgado em seguida pelo plenário. Caso não se justifique uma preventiva até lá, a eventual prisão dele ocorreria somente após essa última etapa, caso condenado.